.::Bife A Milanesa::.

Bife a Milanesa


Autora:
@dance_monkey | Beta: @dance_monkey

- É sério, você tinha que ter visto! – gargalhei, tirando os sapatos e caminhando ao lado dele na areia. Sua sombra parecia gigantesca perto da minha e era até um pouco engraçada. – Ele estava cheio de gelatina líquida porque não soube esperar gelar!
- Eu não tenho irmãos mais novos, então posso apenas supor que tenha sido divertidíssimo! – ele secou uma lágrima dos olhos. Olhei para ele, ainda sorrindo.

Estar com uma pessoa famosa deveria dar, no mínimo, um pouco de nervoso, mas Hyun Woo era tão natural que eu nem sentia que ele era assim, “o” famoso. Claro que já tinha visto-o em alguns vídeos que meu irmão tinha baixado da HyoRi , sua “deusa”, mas não achava que iria ser convidada para um passeio por um dos dançarinos dela apenas por levar aquele peste em um show. Aceitei o convite, não porque ele era famoso, mas porque ele tinha me conquistado com um “Podemos ir comer primeiro?”. Estou sempre com fome.
Hyun Woo não me pareceu um cara afetado pela fama. Apesar de já fazer alguns anos que não nos víamos nem nos falávamos, quando tínhamos a oportunidade de conversar por celular, era divertido. Ele era divertido. Ele É divertido. É só deixá-lo confortável.
- Ah! – larguei meus tênis na areia e abri os braços para a praia. Estava há tanto tempo enclausurada em uma sala de aula que tinha adquirido a chamada “cor de sala de aula”; mas o sol não me queimaria, era final de tarde. Na verdade, estava tudo muito estranho naquele dia. Desde a ligação surpresa de Hyun Woo até a ida até a pizzaria e uma corrida, aquele final de tarde parecia ser o final perfeito das minhas grandiosas férias fugidas de dois dias.
- Não parece paisagem de cartão postal? – comentou, atrás de mim. Sorri e corri para molhar os pés na beira da água – péssima idéia, gelada demais, e voltei correndo. Ele riu. – Gelada, não? Ah! – suspirou, e eu coloquei as mãos na cintura, apreciando com ele o pôr do sol. – Um belo dia de final de verão!
- Seria ainda mais perfeito se estivéssemos rolando na areia juntos, nos beijando loucamente, como naquele clipe do Blink 182.
- Blink quem? – ele riu de novo e eu gargalhei o bastante para que ele visse minhas amígdalas. Nossa recém amizade era tão aberta que ele havia me permitido falar o que penso (errado para ele!).
Olhei diretamente em seus olhos, agora amendoados pela luz do sol, e me deitei na areia sozinha.
- Você é muito em noção!
- Vai ficar aí parado? Não posso fazer isso sozinha! Alguém vai chamar o salva vidas e dizer que tem uma mulher tendo algum tipo de ataque! – rolei de novo na areia e olhei para ele, meu cabelo todo cheio de nós agora.
Depois de ter olhado para os lados e eu ter puxado seu braço com força para baixo, ainda em silêncio ele me olhou. Fiz que sim com a cabeça e ele rolou como um peixe frito para um lado, para o outro, engolindo algum belo pouco de areia, me fazendo rir. Era tão fácil estar com ele que eu me sentia em casa. Era um momento aleatório que eu podia abandonar a cara de professora que não arredonda nota nem aceita choramingos por email às duas da manhã pelo whatsapp; era como se eu pudesse viver de verdade com ele.

Paramos e nos deitamos de costas para a areia e olhamos para o céu, cobertos de areia, enquanto as estrelas começavam a despontar no céu. Ergui uma perna, tentando tocar uma estrela com o dedão do pé, e depois outra. Fiz isso algumas vezes, enquanto recuperava meu fôlego, até perceber que Hyun Woo estava de lado, a cabeça encostada na mão, me observando. Sorri mas voltei para as estrelas.
- Você é diferente quando está comigo.
Desci a perna e olhei-o da mesma forma. – Você me deixa a vontade, só isso.
- Não te incomoda de agora eu não ser mais só mais um back dancer e estar em um grupo de verdade?
- Não. – dei de ombros. – Você ainda é o Hyun Woo que eu conheci há cinco anos.
- Não interessa mesmo? Quero dizer... você pode colocar meu nome no Google e aparecer meu rosto.
- Não. – mexi os ombros. – Não estou interessada em buscar você no Google. – franzi as sobrancelhas, respirando fundo. – Você ainda é o cara que comeu quatro super pizzas vulcânicas com pimenta e não passou mal. Você ainda é a mesma pessoa. Contanto que não mude quem você é, estou ok com isso.
- Não se interessa por artistas?
- Quando eu era pequena, achava o Leonardo di Caprio bonito, mas só porque ele tinha feito Titanic. – franzi a testa de novo. – Isso conta?
- Então você gosta de atos românticos na praia? – perguntou, se aproximando mais de mim. De repente comecei a me sentir estranha. Eu não tinha mais 14 anos mas era como se fosse. Seus olhos tinham capturado os meus e eu sentia minhas bochechas corando e a areia grudando na minha blusa. Eu estava suando? Meu Deus, eu estava suando!
- Não... – disse, quase não conseguindo respirar. Meus olhos começaram a arder um pouco e minha garganta tinha começado a secar. O que estava acontecendo? Nós éramos amigos!
- Não se interessaria mesmo por um cara que está prestes a ser lançado no mercado, passa noite e dia ensaiando, arranjou um final de semana pra passar contigo e que... – engoli em seco. Ele não ia falar aquilo, ele não ia falar aquilo, ele não ia – adoraria te dar um beijo?

Senhoras e senhores, tenho um amigo tarado!

Mas espera: eu tenho vários amigos tarados e eu não me sentia daquele jeito quando falavam essas bobagens pra mim. Normalmente eu seria sarcástica e mandaria se ferrar, mas eu estava... ah, meu Deus, eu estava ofegando!
- Aham. – sussurrei.

Insira um grande e violento palavrão!

Seus olhos pararam de sorrir quando encararam os meus e eu os abaixei. Mas claro, sua mão veio até minha bochecha e levantou meu rosto. Isso era tão clichê!
Mas então... ah, Deus, ele me ergueu da areia e me fez sentar no meio de suas pernas e, de novo, segurou meu rosto, agora com as duas mãos. Eu já sentia os lábios fofos antes mesmo de tocarem os meus e inalei aquele cheiro típico de final de verão: suor, areia e sorvete de baunilha.
Fechei os olhos e quando ele me beijou, foi como se tivessem ligado uma luz faiscante entre nós, porque agarrei seu ombro com força e ele apenas separou meus lábios e... entrou. Foi tão macio e doce, mas tão tentador e decidido que a gente deve ter se beijado umas dez vezes e, em todas elas, eram como se fossem a primeira.
Era como se ele tivesse seu próprio aroma, textura e doce naturais!
Todas essas sensações estavam me confundindo seriamente, como se fosse meu primeiro beijo. Eu poderia pensar que fora uma mulher tardia, afinal, meu primeiro beijo tinha sido uma porcaria...
Hyun Woo se separou tão lentamente de mim que me senti até triste por sentir cada um dos cantinhos de sua boca maravilhosa se separando de mim, mas aí ele uniu nossas testas. Eu precisava de algum apoio mesmo, minha cabeça girava bastante. Tão clichê!
Ele sorriu e acompanhei-o, tola, besta, uma adolescente presa no corpo de uma mulher.
- Você sentiu isso? – perguntou, preocupado.
- Sim, senti. – concordei com meus olhos fechados ainda sorrindo.
- Não, quer dizer... claro, eu também senti aquilo, mas você não sentiu nada na sua cabeça?
- Ahn? – abri os olhos, confusa. Será que ser amiga de um homem por tanto tempo fazia com que ele lesse sua mente? – O que quer dizer?
- Pelo amor de Deus, , uma gaivota acabou de cagar na sua cabeça!
- O QUE? – gritei, me levantando e olhando pra cima, enquanto Hyun Woo rolava de rir na areia. Lá estava ela, nos rodeando. Maldita gaivota!

Mas é claaaaaaro que uma gaivota iria cagar na minha cabeça!

FIM

FIM


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