.::BRANQUELA::.

Branquela


Autora:
@dance_monkey | Beta: @dance_monkey

- Miley Cyrus? – suspirei, entediada. Minhyuk tirou a peruca e fez um bico.
- Não, sua chata, Britney Spears! – ele se sentou do meu lado e deu risada, tirando o papel da minha testa rapidamente. – Estou começando a acreditar que esse tombo deve ter afetado sua cabeça.
- Ou então você que é muito ruim de mímica. – arregalei os olhos para ele, que sustentou.
Era tudo tão inusitado que se contasse às minhas amigas, ninguém acreditaria. Estava eu, sentada no banco da praça, tomando um café e lendo meu livro despreocupadamente, quando brota Lee Minhyuk em uma bicicleta sem freios e me atropela. Ele voou da bike e caiu em cima de mim. Eu havia me virado para não dar de cara com ele e levei o pato, caindo do banco e torcendo o braço.
Desde então, Minhyuk tomou o meu caso para si. Havia sido há menos de seis horas e ele tinha feito tudo, desde me levar para o pronto socorro a me pagar um bolinho de chocolate da confeitaria da esquina. Eu não mencionei que estava de dieta, afinal, tinha saído da mesma ao entrar na Starbucks naquela tarde e pedir o maior café com chocolate que eles tinham.
- Sério, Minhyuk, preciso ir pra casa. – me levantei, pegando o casaco com minha mão não-dominante e fazendo cara feia. Ele se colocou de pé em dois segundos e botou as mãos na cintura.
- Eu disse que ia cuidar de você. Eu que te atropelei, você precisa de descanso.
- Não. Eu preciso voltar pra minha casa e fazer as minhas coisas.
- Ok. Certo. E como você pretende fazer as coisas, hein? Sem um braço?
- Muita gente sobrevive sem um braço e eu tenho certeza de que eu me adapto.
- Você fica e é ponto final.
- Não, eu vou e é ponto final!
- Ok, ok, mas deixo você ir se... – ele olhou em volta e correu até o outro lado da sala. – se você conseguir pegar essa bolinha com sua mão boa! – soltei um grunhido quando ele riu e colocou a língua pra fora. Minhyuk é um cara bonito e tem umas coisas sem noção que o tornam fofo mas já era a milésima vez que eu via aquela língua para fora e não sabia por quanto tempo mais iria agüentar.
Minhyuk jogou a bola.
Ela bateu na minha testa e caiu no chão.
Olhei para ele, sarcástica.
- Viu, você fica! – comemorou. Apertei os olhos, tentando parecer ameaçadora, mas era impossível ser ameaçadora quando se trata de Minhyuk. O que o cara tem de altura, tem de um humor que te contagia e que te impede de ficar irritada. – Você está cansada, foi um longo dia. – ele tirou meu casaco e massageou meus ombros. Soltei um grunhido. – Err desculpa. Eu vou arranjar um pijama pra você. Afinal, já é tarde e você está vulnerável.
Vulnerável...

- O banheiro é aqui. – disse, abrindo uma porta, que revelava um banheiro até bonitinho, se não fosse pela cortina do Patolino ensinando a Tabuada. – Me ajuda a estudar, sabe... – gaguejou ao ver meu olhar. Minhyuk abriu um armário embaixo da pia e me entregou uma toalha limpa. – Bom, não tranque a porta, fique a vontade e...
- Espera, “não tranque a porta”? O que acha que sou? Uma garotinha de 15 anos? – ele piscou. – Certo, não tranco. – puxei a manga de sua blusa com a mão livre e apertei meus olhos. – Mas se eu vir você olhando, você vai levar uma coça. Entendeu? - Eu não vou olhar, calma! – ele riu, arrumando a camisa. Bateu as mãos e sorriu. – Precisa de ajuda para se despir?
Bati a porta na cara dele.

Certo, precisava ser rápida. Mas com tanto remédio pra dor na veia e compromissada de um braço, me perguntava quanto tempo levaria esse banho. Então, gemendo baixo de dor, consegui tirar a calça e depois a blusa, seguido das roupas de baixo. Puxei a cortina do Box e entrei, ligando a torneira.
Tinha mesmo sido um dia e tanto! Desde ser demitida até receber um zero na prova da faculdade, passando por uma barista que sacaneou meu chocolate e terminando com Minhyuk num hospital, me obrigando a não chorar na frente de um cara! Será que eu tinha quebrado algum tipo de espelho? O que mais faltava para piorar o dia?

Então a vi. Magra, branquela e nojenta, na parede em frente a mim. Asquerosa e repulsiva. Gritei.
- O que foi, o que foi! – Minhyuk gritou do outro lado da porta mas eu não conseguia falar o que era. Eu tenho um medo e nojo quase patológicos com lagartixas. Eu agüentava tudo: picada de abelhas, cobras prontas para dar o bote, Minhyuk chorando na minha vez de ser examinada no hospital, com medo de que eu fosse morrer por culpa dele – mas era uma lagartixa! – Eu vou entrar!
- NÃO, NÃO ENTRA!
- ME DIZ O QUE ESTÁ ACONTECENDO!
Ela se mexeu na parede, revelando que não estava sozinha. Mais duas apareceram no seu encalce, me fazendo gritar ainda mais e pular de uma perna para outra. Meu Deus que nojo, meu Deus que nojo, meu Deus que nojo!
- ESTOU ENTRANDO!
- MINHYUK, NÃO – mas já era tarde demais, porque Minhyuk já tinha entrado e puxado a cortina ridícula do Patolino e agora, me olhava de cima a baixo. Sua mandíbula estava mole e seus olhos, esbugalhados.
A lagartixa maior começou a se mexer rápido pela parede, junto com as outras, rumo à janela do banheiro e eu agarrei Minhyuk pelos cabelos.
- Tira elas, tira, tira elas! – choraminguei, batendo sua bochecha na parede inúmeras vezes. Ele soltou minha mão e pegou um cartão dentro da gaveta, empurrando as asquerosas mais rápido pela janela. E fazendo que ele entrasse no Box comigo.
- Pronto, satisfeita? – ele colocou as duas mãos na cintura e colocou a língua pra fora de novo.
Eu não sei se foi pelas lagartixas, se foi pelo péssimo dia que tivera ou porque aquela língua era tentadora, mas agarrei Minhyuk pela camiseta e beijei seu lábios. Minhyuk colocou uma mão nas minhas costas, me trazendo para si. Provavelmente deve ter gostado muito de ter bancado o super herói.
Balancei a cabeça. – Eu odeio lagartixas.

FIM


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