Stuck - O Advogado do Diabo

Stuck - O Advogado do Diabo


Autora:
@heydebee_ | Beta: @heydebee_

CAPÍTULO 1

Observei o vestido fechado dentro de uma capa escura em cima da cama e me perguntei novamente se aquilo era o certo. Eu estava praticamente de banho tomado e cabelo feito, era só me enfiar nele, calçar o sapato alto, colocar o colar e soltar aqueles prendedores, sair pela porta e lidar com Yoo Kihyun em um dia que não era de trabalho.

Yoo KiHyun é um alto executivo coreano e eu sou apenas sua secretária. E sinceramente, só estava no emprego porque precisava do dinheiro. Comecei como uma estagiária no RH e agora era a secretária direta dele. Tinha que ter muita paciência para lidar.
Kihyun é grosso, perfeccionista e insuportável. Ele gosta que tudo esteja milimetricamente no lugar, até mesmo seu cabelo. Não entendo, até hoje, como Kihyun é CEO de uma empresa de motéis de luxo.
Me espantava ainda mais o fato de ele mesmo não ser envergonhado com isso. Muitas vezes, ele saía de de seu escritório e parava do meu lado, jogando um monte de papéis em minha mesa e perguntando em alto e bom som:
- Srta. , sua encomenda de vibradores fluorescentes já chegou?
Em uma sala cheia de pessoas.
Ele é desse tipo de pessoa.

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- E eu te contei o que ele fez comigo hoje de manhã? - finquei meu garfo no frango, cheia de raiva. Era hora do almoço e eu finalmente conseguia tempo para almoçar com meu namorado, que trabalhava próximo ao meu escritório. Hyuk Jae fez que não com a cabeça. Suas mãos protegiam sua boca enquanto ele mastigava e mais uma vez, no canto da minha cabeça, eu lembrava do quão atraente meu namorado era. Um pouco mais de 1.75cm, musculoso na medida certa e com uma capacidade sobrenatural de ser palhaço, nunca achei que ele iria preferir a mim do que a qualquer outra mulher do mundo - Hyuk Jae é cantor, então ele poderia esticar a mão e ter quem quisesse.
- Ele me mandou comprar roupas novas, porque me visto como uma senhora idosa!
- Você não se veste como uma senhora idosa! - Hyuk Jae riu, ainda mastigando me observando, mas a raiva me corroía por dentro. Eu estava imersa em contas e pedidos quando Yoo Kihyun saiu de sua sala e me observou por alguns momentos antes de me chamar.

- Precisa repaginar seu guarda roupa. - levantei os olhos da calculadora. Estava cheia de fome e tpm, e minha cabeça doía miseravelmente. - Nem minha mãe se veste como você. - observei meu terninho claro e mantive a compostura. - Pare de namorar.
- Como assim, parar de namorar?
- As mulheres ficam iguais seus parceiros, quando namoram. Você sai com um k-idol. Convenhamos que o senso de moda deles é um tanto... - ele deu aquela risadinha desdenhosa. - constrangedora.

- Você sabe que a escolha não é minha. - Hyuk Jae pegou outro pedaço de frango e mordeu. Mordi eu mesma meu pedaço e tomei meu gole de refrigerante. - Se quiser posso pedir à noona que te dê dicas.
- Nah, tudo bem. - fiz um gesto com a mão, pegando o telefone e vendo o nome de Kihyun, "Babaca" - na tela. Hyuk Jae odiava quando eu atendia o telefone enquanto comíamos mas ele estava tão perdido em seus pensamentos que não acho mesmo que tenha prestado atenção em mim até eu atender o telefone. - Pois não, sr. Yoo?
- ah! - sua voz era irritadiça. O que, por tabela, me irritava. - Onde estão os pedidos da Era Medieval?
Era Medieval, é claro, o motel temático que a empresa terá em Gangam.
- Estão dentro da pasta G, na area de trabalho do meu computador.
- Não estou encontrando! - ouvi ele clicando e batendo o mouse furiosamente em cima da mesa. Observei Hyuk Jae lambendo os beiços antes de pegar outro punhado de arroz, ainda meio distante. Imaginei o quão cansado estava. O comeback de seu grupo estava próximo e era difícil conseguir vê-lo. Embora gostasse muito dele, estava cansada sempre do mesmo papo, sobre o novo passo que aprendera ou como o colega era engraçado postando no Instagram. Então contava as estórias sem noção do meu trabalho, sempre faziam com que ele risse bastante.
- Traga sua bunda para esse escritório imediatamente! - bradou do nada, me dando um susto. - Agora. - e desligou o telefone na minha cara.
Peguei minha bolsa de forma ruidosa, quase não enxergando um palmo na minha frente. Eu queria tanto mandar Kihyun pra puta que o pariu que não conseguia verbalizar meus sentimentos.
- Já vai? - Hyuk Jae limpou a mão em um guardanapo e me olhou de uma forma... diferente. Em dois meses de namoro oficializado, ao menos entre nós, não era a primeira vez que ele me tratava desse jeito. Apenas creio que é dele mesmo. Muitas preocupações e eu não poderia culpá-lo por isso.l
- Kihyun não acha um documento e é para essa tarde. - me levantei e dei a volta na mesa. Ergui o queixo de Hyuk Jae e me estiquei para beijar seus lábios quando vi seus olhos distantes. Não havia percebido quão inchados estavam. Provavelmente ele não estava dormindo direito; perfeccionista como era, devia estar até a madrugada ensaiando. - Você está bem?
- Só cansado. - ele sorriu triste, finalmente olhando em meus olhos. Sorri, compreensiva.
- Lembre-se de que você sempre será o melhor pra mim. - beijei seus lábios, ao que ele sustentou um pouco antes de me deixar partir.
- Vou ver você hoje a noite?
- Vai ter um espacinho pra mim, nesse ensaio todo?
Hyuk Jae me puxou para baixo.
- Posso praticar os passos novos com você.
Ele me sentou em seu joelho e tirou o meu cabelo da testa, enquanto eu tentava me sentir menos idiota. Tudo referente a Hyuk Jae me deixava mole. Era muito mais do que o fato de ser um idol: eu estava mesmo me apaixonando por ele.
Sorri feito uma tola e ia beijá-lo novamente quando meu telefone tocou. Pelo toque de terror (especial para Kihyun), já sabia que era ele, enfurecido.
- Te encontro às dez então. - Hyuk Jae puxou meu queixo e me deu um beijo tão estalado que saiu ruidoso. Ri. - E tire esse sorriso idiota da cara, sabe que sou apenas seu.
- É bom que seja. - sorri, me levantando e saindo do restaurante, enquanto Hyuk Jae mordia os lábios até me perder de vista.

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A visão de Yoo Kihyun batendo com o mouse em cima da minha mesa era insuportável. Pelo andar da carruagem, eu teria de mudar de mouse pela quarta vez em quinze dias.
- Eu já te disse pra não ir almoçar com seu namoradinho. Você sempre esquece dos seus deveres.
- Como sabe que fui almoçar com ele? - abri a boca, chocada. Kihyun ergueu uma sombrancelha e me mostrou o telefone, onde tinha uma foto nossa, tirada provavelmente do outro lado da rua. Pela minha expressão, tinha sido quando Kihyun havia ligado. E, quem não soubesse que eu e Hyuk Jae saíamos, eu parecia mesmo uma agente. Telefone. Terninho. Sapatos altos. Cara séria.
- Limite-se ao agarramento pós horário de trabalho, ! - larguei a bolsa em cima da mesa e me sentei na cadeira. - Enquanto estou aqui, desesperado atrás da contabilidade do EM, você estava se pegando por aí, você não tem vergonha, não? - senti meus olhos marejados. Agora eu tinha de dar satisfações da minha vida pessoal à Kihyun! Era uma palhaçada! - Você sabe quão ocupado ando, hein? Eu preciso desses documentos até-
Estiquei os papéis para Kihyun por cima do monitor.
- Aqui. - sorri, forçada. Eu tinha tanta raiva quando ele dava esses ataques que sentia meus olhos saltando das órbitas.
Kihyun olhou para os papeis, para mim, e saiu para sua sala sem ao menos agradecer.

CAPÍTULO 2

Abri o pacote de maquiagem em cima da cama antes de rasgar um filete do dedo com um papel fino, onde continha letra irritadiça de Kihyun. Com a ponta da toalha que cobria meu corpo, apertei o corte e xinguei Kihyun mentalmente. Era tão típico!

" ah! Nem ouse abrir esse pacote! Eu avisei que ligasse para a recepção quando estivesse pronta. Não quero mais do que a perfeição hoje, então contratei uma maquiadora profissional."

Furiosa, amassei o papel e joguei no chão.
Que desperdício de dinheiro! Essa coisa de perfeição de Kihyun ainda iria falí-lo.
Ora, eu mesma poderia me maquiar! Afinal, não era inteiramente burra. Existia tutorial no Youtube!
Liguei para a recepção e pedi para falar com a sra. Lim, a tal maquiadora. Se conseguisse convencê-la a ir embora, ela saía no lucro. Pegava a grana, tinha tomado uns drinks de graça no bar do hotel e estava tudo certo.


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Você deve estar me achando uma louca, mal você chegou e já estou destilando veneno contra Kihyun.
Mas é preciso que você entenda que não é fácil lidar com um homem que parece sentir prazer em te diminuir. Kihyun gosta de me fazer passar vergonha na frente das pessoas.
Um dia, pedi um suco de melancia no trabalho. Kihyun não havia pedido nada, até porque estava cheio de coisa para resolver e não tinha tempo "de se preocupar em comer".
O causo foi que eu estava tirando a tampa do suco quando Kihyun esbarrou em mim, derrubando mais da metade do conteúdo em minha blusa. Ele sequer mencionou um pedido de desculpas e ainda esbravejou que teríamos uma reunião em cinco minutos (ele avisa as coisas em cima da hora, então devo largar tudo e atender seus caprichos).
Corri para o banheiro, no auge do meu nervoso, tirei a blusa e esfreguei mas tudo o que consegui fazer foi deixá-la transparente. Estávamos em alto verão e eu recém havia comprado aquela blusa branca, linda. Não dava para esconder com o blazer, estava ferrada.
Sentei na tampa do vaso sanitário, já ensaiando minhas desculpas ao chegar em casa e dar explicações.
Meu trabalho não atendia as expectativas do chefe.
Haveria um corte de pessoal então começaram de cima para baixo.
Meu salário seria reduzido, por isso pedira demissão.
Só esperava que Minhyuk, meu cachorro, aceitasse as explicações.

Ouvi uma batida na porta do privado e cruzei os braços no busto.
- ah! - era Kihyun. Franzi a testa. - Use essa daqui. - ele jogou um pacote por cima da porta e eu segurei. Estava muito bem embrulhado em um saco transparente e eu conhecia aquela camisa: era dele. Ansiosa, tirei do saco plástico e a cheirei, afinal, vindo de Yoo Kihyun para comigo, ele poderia ter passado a camisa na própria bunda.
Mas não.
Cheirava a limpeza e a perfume adocicado, um pouco diferente das roupas com cheito forte de Hyuk Jae.
Inspirei aquele cheirinho maravilhoso mais uma vez e apertei a blusa. Era quase terapeutico apertá-la. Me remetia à infância e a um local seguro.
- Não sei se vai caber em você mas anda logo com isso porque os acionistas já chegaram e preciso da minha diretora financeira presente.
- Desde quando sou sua diretora financeira? - perguntei, fechando o último botão da camisa branca de Kihyun e ajustando a gola. Tirando o fato de ser alguns números maior que eu, até que tinha ficado boa.
Abri a porta do reservado, com a testa franzida. Estava feliz em estar vestida mas, agora me vendo no enorme espelho do banheiro feminino, percebia que meu sutiã estava visível à luz. Era morrer de vergonha estando vestida ou passar o resto da tarde andando de sutiã vermelho pelo escritório.

E claro, sendo o nosso ramo algo tão brando, seria digno que todas as secretárias tivessem passe livre para usar o que quisessem, certo?
Cintas liga, vibradores em cima da mesa, estoques ilimitados de camisinhas dentro das gavetas.
Mas poucos sabem que a Stuck é uma rede de motéis de luxo discreta. Não acho que imaginem que a dona do slogan "Fique preso a essa fantasia!" seja sediada numa sala de dois cômodos em um prédio no meio de Seul, num bairro considerado "no meio do nada".
- Desde quando decidi, há dois minutos. - ele me virou para si e ajeitou meu cabelo. Bati em sua mão e ele voltou a mexer no meu cabelo. Eu não poderia vencer. - E fica quieta. Minha diretora financeira não pode parecer uma qualquer na frente dos acionistas árabes.
Só que pareci uma qualquer mesmo assim, na frente dos acionistas árabes. Porque Kihyun havia pedido para que eu fizesse slides dos dois grandes empreendimentos da empresa e a luz batia completa em minha blusa, tornando meus peitos uma atração muito mais convidativa do que gráficos pizza e fotografias.

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A parte boa de se trabalhar com Kihyun é que ele não reclamava muito quanto a pedidos. Ele era tão preocupado com amenities e com todos os detalhes de um motel de luxo real - que atendesse a todo e qualquer desejo amalucado dos ricaços, que pedia que eu testassem marcas novas.
Por marcas novas, digo empresas de brinquedinhos sexuais e camisinhas novas, afinal, eu tinha um namorado e uma vida sexual ativa, ao ver dele. E o prazer feminino também era algo a ser levado em consideração.
Palavras dele.

Eu só estava ali mesmo pra evitar gastar meu dinheirinho com essas coisas, afinal, para quê comprar se posso ter de graça?
- Preciso que chegue mais cedo amanhã. - disse, desafogando a gravata. Eu já estava de pé, guardando meu celular dentro da bolsa. Hyuk Jae me esperaria no meu apartamento e eu esperava poder passar um tempo de qualidade com ele.
- O Era Medieval está com alguns problemas e preciso ver onde podemos cortar.
Concordei com a cabeça e sorri, louca para me ver longe dali.
Kihyun segurou meu pulso e eu me virei, olhando do meu braço para ele. Seus olhos estavam vermelhos e cansados e seu queixo fazia uma curva suave para cima. A camisa estava desabotoada nos primeiros botões e ele parecia ainda mais magro e, como possível! - mais novo.
- ah. - e parou. Ergui as sobrancelhas, esperando que continuasse a frase mas ele ficou lá, parado.

Não ache que sinto alguma coisa por ele ou ele por mim. Ele é apenas meu chefe e eu sou a secretária-diretora financeira-assistente do diabo.

Mas ora, que inferno!
Ele é meu chefe e acabou.
- Nada. Pode ir. Mas chegue amanhã às seis, por favor.
Concordei com a cabeça e saí quase correndo pela porta.

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Minhyuk estava na soleira da porta quando a abri. Depois de dois anos, agora eu sabia ler seus pensamentos de acordo com suas ações, como um bebê. Quando ele parava na frente da porta, sem fazer festa, eu me sentia um pouco como uma adolescente chegando em casa tarde e sendo pega pelo pai.
Mas hoje, ele estava ali parado, seu rostinho caninho me observando como quem diz "Não estou curtindo".
Hyuk Jae saiu da cozinha com uma cueca samba canção, lambendo os dedos de uma mão e coçando a cueca com a outra, e, quando me viu, saiu jogando minha bolsa para cima do sofá. Minhas roupas rapidamente caíram no chão e minhas tentativas de dizer que precisava comer antes do gasto enérgico passaram despercebidas.
Hyuk Jae havia se tornado uma máquina, por causa de tanto café que bebia. Em alguns homens, isso poderia causar o efeito contrário, mas com ele, impulsionava todo e qualquer desejo.

Depois que acabou pela segunda vez, sem muitos beijos e sem muitos carinhos, diga-se de passagem, - Hyuk Jae virou-se para mim satisfeito. Eu estava cansada ainda, minha cabeça estava a quilometros de distancia. Ele não era do tipo mais carinhoso, ok, mas nunca fora assim. Comecei a pensar que talvez nossa chama estivesse se apagando quando ele me puxou para perto e me beijou. Senti-me confortada por alguns segundos apenas. Era chato quando eu não estava muito feliz.
- Como foi o dia? - sussurrou, me beijando a clavícula. Mentes mais espertas que a minha jurariam que ele desejaria um terceiro round.
- Estou um caco! - respondi, olhando para o teto. - Kihyun é uma criatura tão insuportável que... - suspirei.
- É sério que você vai falar dele de novo? - Hyuk Jae franziu a testa. - Não podemos ter um momento de paz sem que esse cara apareça no papo e tire o nosso clima? - ele estalou os lábios. Ergui as sobrancelhas.
- Você nunca reclamou.
- Bom, estou reclamando agora. - ele estalou a língua de novo e me senti culpada.
- Desculpa. - pedi. Me sentia mesmo culpada, eu nem tinha percebido que enfiava Kihyun nas estórias. - Podemos começar de novo?
Hyuk Jae voltou a me olhar, com a mão debaixo da cabeça, me olhando de um jeito como se me desafiasse a falar sem mencionar Kihyun.
- Como foi seu dia?
- O mesmo de sempre. - completei. - E o seu, docinho?
- Ah, você sabe. Entrevistas, programas para gravar e tudo o mais.
- Viu, podemos falar sobre qualquer assunto.- falei. - Você chegou a assistir aquele episódio de..
Olhei para Hyuk Jae, que havia soltado um ronco. Eu havia perdido o namorado para o cansaço.

Devagar para não acordá-lo, saí da cama e coloquei sua blusa e uma calcinha, indo até a cozinha e pegando um pedaço de pizza fria da caixa.
Minhyuk me observava em cima do sofá.
"Eu tenho razão".

CAPÍTULO 3

Coloquei o vestido por cima de minha roupa de baixo e me virei no espelho. Tinha caído bem no meu corpo, aquele tom de verde musgo. Era quase como se Kihyun tivesse acertado meu tamanho por visão - mas como sempre, simpático como é, a pergunta tinha sido feita mais cedo naquele dia.
Rudemente, ele me ligou no meio da minha ida à academia (academia! que piada!) e perguntou em alto e bom som minhas medidas.
- Você vai comigo à um coquetel da Fragmentos da Vida. - Fragmentos da Vida, é claro, o novo motel temático. Também era em Gangnam. - Começa 19h. Às 17h, o motorista vai passar na sua casa para te levar ao hotel do coquetel, então quero você impecável. Não precisa levar nada além de documentos e telefone. Preciso de suas medidas.
Ofegante, cansada, suada e exausta, passei os dados e Kihyun ao menos se despediu, desligando o telefone na minha cara.
Ele é desse tipo de homem.
E agora, eu estava me olhando no espelho, dando voltas e medindo minha bunda na frente do mesmo. Meus peitos não saltavam do vestido, o que era ótimo, levando em consideração que a maioria dos homens esperam isso de uma mulher e eu me sentia um tanto quanto... reconhecida.
E isso era uma sensação estranha.

Conheci Hyuk Jae de um jeito um pouco inusitado. Minha amiga tiinha enchido o saco para que eu fosse em um fanmeeting do grupo dele com ela e, como ela, na época era mais nova e a mãe só confiava em mim, eu fora a isca do 'por favor'.
O plano consistia em irmos as duas e ela ter dois pôsteres autografados, sabe-se lá o que iria fazer com eles, e eu topei.
Muitas meninas, a maioria escandalosa, e eu no meio, me sentindo velha. Eu não era tão mais velha que ela ou até mesmo que o próprio Hyuk Jae na época, mas me sentia peça fora do quebra cabeças. Eu não tinha, nem nunca tive, aliás - cabeça pra lidar com aquele tipo de evento. Choros, lágrimas, gritinhos histéricos e 'oppa' e 'hyung' para todos os lados.
Quando o grupo apareceu e eles se apresentaram, lidei com minha amiga chorando ao meu lado. Eu reparei que os olhos de Hyuk Jae tinham parado em mim por algum motivo e ele me lançava alguns penetrantes a cada dez segundos. Eu olhava para todos interessada, afinal, eram homens e eles eram bonitos.
Entretanto, quando me vi diante de Hyuk Jae e ele assinou o pôster e eu agradeci, ele me puxou pelo pulso e me perguntou se poderia ter meu número.
Ri de escárnio.
- Para me fazer de idiota e ter mais uma fã no Kakao? Faça-me o favor!
- Não, não! - ele sorriu, ainda segurando meu pulso. - Eu quero seu número porque te achei bonita e queria saber mais sobre você.
- Sem segundas intenções? Me poupe, Lee Jin! - comentei, rolando olhos, errando seu nome de propósito. Ele sorriu, cochichando algo ao integrante ao seu lado e entregando o pôster a ele.
- Posso ao menos saber seu nome?
- .
- ah! - ele mordeu o lábio inferior e eu ergui a sobrancelha.

Era isso.
Ele havia me conquistado com uma mordida de lábio.
Sentei-me na cadeira em frente ao membro ao seu lado e arranquei um pedaço de uma folhinha que tinha no bolso, anotando o numero enquanto ele assinava o poster. Entreguei. Pedi que repassasse a Hyuk Jae.
E o resto é estória.

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Na semana do evento, Kihyun estava uma pilha. Ele saía e entrava de sua sala com os cabelos esvoaçantes e a camisa de seda vermelha contrastando com o terno preto quase andando sozinha. Ele era praticamente um borrão humano. Jogava pastas e mais pastas em cima da minha mesa e eu batia números freneticamente na calculadora.
Hyuk Jae me ligou quatro vezes na segunda feira e eu não pude atendê-lo. Quando cheguei em casa, havia um bilhete em cima do balcão da cozinha, lembrando que seu tempo era curto e que, sempre que ele tentava falar comigo, ele não conseguia. Eu não tinha culpa por nossos horários não baterem como antes, e estava realmente cansada. A cartinha terminava com um "trouxe suco e frutas, aproveite" tão cheio de rancor que eu até me senti um pouco mal.
- Parece que somos apenas nós hoje, Minhyuk! - comentei. Minhyuk ergueu sua orelhinha deitada e abriu um olho. Ele era assim curioso mas, cheio de personalidade, não saberia dizer o que esse novo gesto significava.
- ah! - fechei os olhos. Passava das onze da noite e Kihyun soava nervoso do outro lado da linha. - Onde você deixou os papéis referentes ao FdV?
- Estão dentro do arquivo F do computador. - respondi, batendo a porta da geladeira com o bumbum.
- Eu já te disse para que imprimisse todos os documentos e deixasse em cima da sua mesa quando saísse daqui!
- Pra depois vc reclamar que estamos gastando papel demais e que temos que ser sustentáveis e gastar menos dinheiro? - rebati, colocando o suco no copo. - Me poupe, Kihyun!
- Mas eu já te disse para fazer isso!
- Mas eu estou dizendo o que você mesmo me mandou fazer, lembra? ', se eu disser que é pra imprimir, você me para!', lembra?
Kihyun ficou calado.
- Lembro, mas agora quero que você-ah, droga! - ele ficou em silêncio. - O teu computador pifou.
- Oi? Como assim, pifou?
O som do mouse batendo voltou. Eu ia comprar o sétimo mouse em quinze dias... - Pifou, não quer ligar! - silêncio. O que eu poderia fazer? Me deslocar para o trabalho e ficar choramingando pelo computador estragado? Era onze da noite, nenhum técnico funciona às onze da noite! - Você tem os arquivos no seu notebook, não tem?
- Tenho?
- Tem, eu transferi semana passada. Só precisa adicionar alguns dados por escrito. Estou indo para sua casa.
- Que? - gritei. - Kihyun, são onze da noite - ênfase no horário! - se você vir às onze da noite, que horas vai sair?
- Então arranje um colchão para mim na sua sala. - e desligou o telefone.
E foi assim que Kihyun esteve uma noite no meu apartamento.

Quando Kihyun tocou a campainha, Minhyuk latiu alto. Tive que pedir com jeito e pegá-lo no colo para que se acalmasse e um cachorro que pesa quase o mesmo que eu no meu colo não era uma coisa muito boa.
Abri a porta e Minhyuk latiu duas vezes antes de Kihyun perguntar se mordia. Ergui uma sombrancelha e disse que não, ao que Kihyun perguntou se podia fazer carinho. Minhyuk ficou mais tranquilo do que quando dorme; parecia até adestrado (mas só parecia, porque adorava fazer xixi em cima da minha cama, roer meus sapatos e implorar carinho arranhando a porta do banheiro e o sofá).
Kihyun pegou meu notebook em cima da mesa e o abriu, já colocando a senha (que eu nem imaginava que ele sabia!) e abrindo a pasta que ele mesmo havia criado. Permaneci ao seu lado de braços cruzados, ainda em minha roupa de trabalho. Eu tomava banho para dormir, e a simples ideia de ter meu chefe, Yoo Kihyun, no meu apartamento, me dava calafrios.
- Kihyun, o que você precisa, exatamente, do meu computador?
- Preciso de todo o planejamento financeiro dos últimos e próximos três meses. - ele começou a digitar os nos dados. - Você pode fazer café?
- Como? - apertei os olhos, Minhyuk pulando no colo de Kihyun e ficando ali, dormindo. Ele não fazia isso com Hyuk Jae.
- Café. Isso deve levar um tempo, eu estou exausto e preciso me manter acordado.

Pedi uma pizza, enquanto Kihyun abria a pasta da Era Medieval e me pedia para ditar algumas coisas extras do relatorio final. Era incrível como o trabalho me mantinha acordada. Ele cuidava da parte administrativa de um jeito muito bom e eu, dentre outras coisas, cuidava dos detalhes finais. Coisas bobas como cor de roupa de cama, bebidas do frigobar, decoração, etc. E, mesmo assim, tudo tinha de passar pelo crivo de Kihyun.
- Seis dúzias de caixas de lubrificantes sabor morango?
- O orçamento estava baixo e você pediu para cortar pela metade, Kihyun.
Ele suspirou, passando as costas das mãos pelos olhos e eu bocejei, olhando o relógio: eram quase duas da manhã.
- Escuta, não é melhor a gente terminar isso no escritório, Kihyun?
Ele me observou por alguns segundos antes de fazer que 'não' com a cabeça. "Deixar para depois" é algo que não consta em seu vocabulário. Em tudo na sua vida, percebi depois.
- Talvez seja uma boa ideia. - ele se espreguiçou e olhou o relógio. - Melhor eu partir.
- Está tarde, dorme aí. - falei informalmente. - É só pegar uns lençóis no armário e um travesseiro. Tem uma roupa perdida de Hyuk Jae na gaveta, você pode se trocar.
- Não quero te atrapalhar.
- Kihyun, se você não quisesse me atrapalhar, você nem teria vindo trabalhar na minha casa, para começo de conversa. - ele ficou sério mas logo soltou uma gargalhada. Pelo cansaço, acabei rindo também, Minhyuk pulando para meu colo.
- Você nunca mais vai me chamar de sr. Yoo novamente, não é?
Fiz que não com a cabeça, coçando a cabecinha macia de Minhyuk. Kihyun sentou-se do meu lado no sofá e Minhyuk esticou as patas em cima dele. Coloquei a cabeça no encosto e observei meu chefe. Ele realmente não era tão mais velho que eu e era até bonitinho. Mas sua arrogância e grosseria o tornavam dez anos mais velho. Kihyun me fitou por alguns segundos, um sorriso de canto de boca em seus lábios. Por um momento, me recordei de quando parei oficialmente de chamar Kihyun de sr. Yoo.

Ele tinha essa namorada, SoRa, que não aceitou muito bem o fim do relacionamento. Eram ligações constantes para o trabalho ou então ela aparecia no escritório, em toda a sua magreza e cabelo liso e sombra azul escuro muito forte para a manhã, mascando um chiclete interminável. No início, eu sabia muito bem que eles se pegavam quando Kihyun fechava a porta da sala mas, com o tempo, via-o saindo furioso da mesma, as mãozinhas gordas no braço de So Ra, enquanto um biquinho estava formado em seus lábios rosados (os dela).
Até que um dias, depois de alguns dias dizendo que Kihyun não estava, ele mesmo resolveu dar um jeito naquela situação, me incluindo sem ao menos me avisar.
SoRa prendeu o dedo com unhas longas e rosas na campainha e eu atendi, suspirando ao abrir a porta. Altiva, entrou na minha saleta (que é como uma recepção para Kihyun - as outras áreas da empresa eram "terceirizadas", espalhadas pela cidade, então basicamente era eu e Kihyun) e avançou para a maçaneta da porta e girou. Uma, duas, três vezes. Me mandou abrir mas eu tinha ordens expressas para não abrir. Então ela esmurrou a porta e Kihyun a abriu, furioso.
- Ela diz que você não quer me receber! - ela disse, de novo fazendo biquinho. Permaneci de pé, porque eles haviam parado na única entradinha que eu tinha para minha mesa. Cogitei passar por baixo mas eu não iria conseguir.
- Mas eu não quero mesmo. - ele tinha as duas mãos na cintura e eu cruzei um braço, passando o indicador no lábio. Adorava uma novela mexicana, um bom drama.
- Mas oppa! - ela fez outro biquinho, tentando segurar seu braço. Kihyun sacudiu sua mão para longe. - Você não gosta mais de mim? Há outra pessoa?
- So Ra, eu já te disse que acabou, entenda! - mordisquei minha unha quando finalmente Kihyun me notou ali, parada. Ele deu alguns passos e parou do meu lado e botou o braço no meu ombro. Me alarmei. - E sim, eu tenho outra pessoa. - ele então me virou e apertou seus lábios no meu tão de repente que eu me mantive dura naquela posição. Meus olhos permaneceram arregalados e, pelo canto deles, percebi So Ra abrindo a boca, chocada.
Acho que não tão chocada quanto eu...
- ah é minha nova namorada. - Kihyun sorriu e eu franzi a testa. Tinha alguma coisa naquela estória que não fazia sentido, quero dizer... eu deveria ser informada, não? Além do mais, eu já tinha um namorado e gostava muito dele. - Queira você ou não. Agora, por favor, So Ra, não me faça mais perguntas e me deixe em paz, sim?
Ela concordou com a cabeça e saiu do escritório, e aquela foi a última vez que vi suas perninhas de saracura.
Lembro que Kihyun passou as mãos pelos cabelos e eu continuava parada naquela posição. Meus lábios ainda estavam em biquinho e até um pouco dormente; Kihyun estava com a barba por fazer e ela roçou furiosa em meu queixo quando me beijou. Tinha sido tão urgente e bruto que eu não sei muito bem como posso te descrever.
- Vamos fingir que esse beijo nunca aconteceu. - disse por fim, antes de entrar em sua própria sala e trancar a porta novamente.

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- Se precisar de alguma coisa, é só bater na porta. - anunciei, alguns minutos depois. Decidi cortar o contato visual tentando tirar Minhyuk do meu colo. Tinha um banheiro no meu quarto, de modo que Kihyun poderia usar o banheiro do corredor com tranquilidade. Minhyuk não quis ir comigo para o quarto, deitando-se do lado de Kihyun no sofá. - Te acordo às cinco, já que temos que resolver as coisas do-
- Deixe os projetos para amanhã, sim? - ele se remexeu no sofá, deitado de barriga para cima. Sem a arrogância e prepotência que estampavam seu rosto diariamente, ele parecia um menino de doze anos esperando leite e biscoitos antes de dormir.
Bocejou.
- Boa noite, .
- Boa noite, Kihyun. - e entrei no meu quarto, deixando meus óculos em cima da bancada.
Olhei para o relógio, que marcava três e meia da manhã e o cansaço do dia que atingiu de uma forma tal, quando deitei na cama geladinha, que peguei no sono instantaneamente.

E não percebi Kihyun vindo deitar-se ao meu lado.
E muito menos Eunhyuk girando a chave na porta da sala.

CAPÍTULO 4

A camada de blush no meu rosto fez com que eu finalmente me olhasse diferente no espelho do quarto de hotel cinco estrelas. Usava saltos e um vestido que contrastava com meu tom de pele e a maquiagem que eu havia feito era admirável, até mesmo para mim.
Era hora de sair do quarto.
Levantei o vestido, com medo de pisar e rasgá-lo mas percebi que o salto me impedia de pisar nele. Esperava apenas que ele fosse a prova de , porque eu sou craque em cair parada.
Coloquei o cartão na porta, que emitiu um barulho de clique e a abri, me deparando com as costas de Kihyun. Seu terno estava alinhado e seu cabelo estava bem penteado para cima.
Quando me viu, senti-me enrubescendo, Kihyun deu um breve sorriso de lado antes de me entregar um buque de rosas.
- Você está muito bonita.
- Obrigada, Kihyun.
O buque trocou de mãos e, quando seu pulso tocou no meu, senti aquele frêmito percorrendo minhas veias e limpei a garganta com uma breve olhada para baixo.
Eu não sabia como andar com aquele buque. Era grande, não combinava com o vestido e eu já sentia uma breve alergia atacando meu nariz. Pedi um minuto e abri a porta do quarto, colocando-a sobre minha cama e trancando a porta atrás de mim.
Kihyun prendeu uma risada e estendeu o braço, para que eu o segurasse.


Aquele dia do trabalho...
Eu não ouvi Hyuk Jae entrando em meu apartamento mas sabia que ele tinha o costume de vir de supetão e me beijar até eu acordar e transar com ele.
- Que porra que está acontecendo aqui? - ouvi sua voz alta, furiosa. Abri os olhos, confusa, sentindo um braço em cima de mim; os dedos mais gordinhos e fofos do mundo me abraçavam carinhosamente.
Kihyun.
Joguei seu Abraço para longe e me coloquei de pé, igualmente surpresa. Hyuk Jae estava nervoso, mas ele não aparentava que iria chorar. Esse era o momento que eu temia.
- Dá pra explicar o que está acontecendo aqui? Quem é ele?
Kihyun abriu os olhos devagar e os coçou, sonolento. Olhei para o relógio da cabeceira: quatro da manhã.
Eu não sabia o que falar. Estava em choque. Até onde sabia, Kihyun tinha dormido no meu sofá e não na minha cama; seria ele sonâmbulo?
Quando abri a boca para argumentar, Hyuk Jae saiu do meu quarto e da minha casa batendo porta. Minhyuk, até então sentado na minha porta, deu passagem para Hyuk Jae.
- O show já acabou? - Kihyun perguntou, coçando os cabelos e voltando a deitar em minha cama. Afofou o travesseiro e se virou para a parede.
Fiquei chocada pela segunda vez. Eu não iria voltar para minha cama, com Kihyun, meu chefe, deitado lá. Sabia que ele não faria nada comigo mas ainda assim, era estranho.
- Eu não vou tocar em você, . Achei que era um travesseiro e abracei sem querer. - sua voz veio abafada do lado esquerdo da cama. - Você prefere que eu vá para o sofá?
- Bom... Sim! - comentei, estridente. Minha cabeça girava, eu precisava de um calmante.
Kihyun se levantou e passou rente à mim com o travesseiro e sorriu de soslaio.

.X.

Obviamente, trabalhar no dia seguinte foi estranho demais. Eu sabia que tinha de entrar em contato com Hyuk Jae mas ele desligava todas as vezes e não me respondia mensagens. Expliquei tudo o que havia acontecido, garanti pela minha família e ele ainda não havia entrado em contato.
- As caixas de camisinha sabor uva chegaram, . - Kihyun apareceu na ante sala com cinco caixas no colo, que estavam prestes a cair. Corri da minha mesa para ajudar e toquei sua mão para pegar as caixas e senti, o que hoje chamo de frêmito, mas na época, eu só chamava de "choquinho".
Kihyun olhou em meus olhos, mais abaixo, e eu me senti corando. Era como se nós estivéssemos dividindo algum tipo de segredo, que fôssemos cúmplices.
- Pode deixar no canto, junto com as de morango. - coloquei três caixas no topo de uma pilha e voltei a sentar na minha mesa. - ah... Preciso te dizer algo mas...
Olhei para ele e minha cabeça voltou a doer. Abri a gaveta e já tomei um remédio, prevendo a enxaqueca. Kihyun engoliu a seco e soltou um "Deixa pra lá" tão baixo que, se não fosse Boa de audição, não teria escutado.

.x.x.

Com o lançamento do novo motel em Gangnam, caixas e mais caixas de artefatos começavam a lotar a minha sala. Logo, não tinha mais espaço para andar.
Já fazia três dias que Hyuk Jae não me dava notícias e, para ser sincera, era tanto trabalho que eu teria me esquecido de vez se não fosse o carregamento de flores que comecei a receber a quinta feira.
- Isso aqui está parecendo o funeral do Elton John! - disse Kihyun, quando outro buque chegou. Comecei a me sentir sufocada e abri as janelas, fazendo com que o ar gélido do inverno entrasse na sala. Kihyun cruzou os braços e fechou a porta da sala, pegando o cartão que continha nele e lendo. Deu uma risada de escárnio e jogou o buque na minha mesa, enquanto eu protegia meu nariz com um lenço.
- Do seu namoradinho. - e saiu da sala, sério. Ainda com a mão no nariz, li um convite que envolvia queijos e vinho no meu apartamento (era muito arriscado ser na casa dele) mais tarde.
Eu nunca conseguia dizer não, então liguei para Hyuk Jae, para confirmar. A ligação chamou até cair, o que era estranho, já que era a hora de descanso dele.
Mas ok, pensei, pegando as caixas, colocando as camisinhas dentro de outra caixa e colocando as flores ali, para que eu abrandasse minha alergia. Eu ainda o amava. Ele ainda era meu amor.
E ele ainda me amava.

.x.

Em momento algum, Hyuk Jae me disse "desculpas" com todas as palavras. Assim que eu cheguei em casa, ele já estava la; me agarrou e foi assim mesmo. Sem preliminares. Sem beijos. Sem carícias. Apenas ordens.
Achei que talvez fosse bom, afinal, mudanças podem ser boas.

.x.

O ar condicionado estava no máximo quando Ki Hyun ergueu minha mão para que eu descesse as escadas e segurasse o vestido. Eu me senti um pouco como uma princesa, mas me mantive em silêncio. Eu sabia que ele não tirava os olhos de mim e isso me deixava incomodada.
Sua mão tocou minhas costas, fazendo com que eu desse um passo à frente dele e, sorrindo, me fez parar na frente de dois homens que conhecia. Eles eram altos, robustos e pareciam sérios.
- Senhores. - cumprimentou. Abaixei a cabeça em reverência e eles o retribuíram. - Permitam-me apresentar a srta. , minha diretora financeira. - corei, ainda de rosto baixo, e ouvi o sorriso leve de um dos homens.
- Tem certeza de que é apenas uma diretora, Kihyun ah? Ela é muito bonita. - um dos homens segurou minha cintura e senti um pouco de seu hálito de fumo em meu cangote. Mexi a cabeça para o lado.
- Sim, é. - Kihyun me puxou de volta, bruto. - Com licença, precisamos falar com o dono da YGM.
Kihyun me puxou para longe dos homens, que voltaram a sorrir e a conversar e uma taça daquelas super chiques de champanhe foi colocada na minha mão. Eu iria precisa de no mínimo dez para aguentar aquela noite.
- Desculpe por eles. São um pouco... você sabe.

Mas meu campo de visão tinha alternado. Quando eu havia me virado para pegar outra tulipa fina de cristal da bandeja do garçom, mais a frente, vi Hyuk Jae e Soo Jin, sua mão carinhosamente na lombar da mulher, sorrindo como se fossem um casal.

Meu estômago revirou e eu senti todo aquele borbulhar de champanhe que descia pela minha garganta secar e travar minha garganta se fechar como se eu fosse morrer. Depois da noite de queijos e vinho, Hyuk Jae saiu do meu apartamento sem ao menos dizer se voltava ou se iria me ligar. Ele não me beijou. Ele simplesmente se levantou da minha cama, vestiu seus jeans, a camisa de manga comprida e saiu do meu quarto. Vesti uma blusa grande e o segui até a porta da frente.
Eu achei que tudo estava ok!
Certo, não ok "ok" porque Minhyuk havia rosnado para Hyuk Jae no momento que este olhou para meu cachorro, mas eu sabia que Minhyuk não gostava dele.
Eu achei que estava tudo ok!
Minha cabeça girou mais algumas vezes e minhas pernas tremeram quando Soo Jin cruzou seu olhar com o meu. Era muito elegante essa mulher, Soo Jin. Era divertida, alta para uma coreana, magra na medida certa, nunca havia me tratado mal e me dava algumas dicas sobre moda.
Essa cretina me dava dicas sobre moda por telefone enquanto o meu namorado a comia pelo outro lado do telefone?????

Senti Kihyun olhando de mim para ela e então, Hyuk Jae seguiu o olhar de Soo Jin até mim; seus olhos se arregalaram e ele empalideceu. Bom, espero que sim, porque eu estava chocada. Minha cabeça girava tanto que eu só tive forças de tirar a bandeja das mãos do garçom e virar uma tulipa atrás da outra, esperando desesperadamente que minha garganta abrisse e eu pudesse ser capaz de me manter de pé.
- Vamos. - Kihyun colocou a mão na minha cintura e me obrigou a colocar um pé na frente do outro. Ele me conduzia à dupla da mentira e eu o condenava por aquela traição.

Eu sei que não sou a melhor secretária, ou melhor dizendo, a melhor diretora financeira do mundo. Sei que não sou a melhor mãe de cachorro ou cozinheira, e sei que vacilei muito feio em ser tão organizada com as pastas do computador.
Sei que mandei muito mal quando mandei meu chefe se foder por ter ralhado comigo por questões idiotas como algemas de pelúcia de verdade serem não-recomendadas.
Mas ele estava me levando para onde meu coração se partia.
A cada inspiração, era um pedaço do meu coração que se partia.

Hyuk Jae e Soo Jin mantinham um olho em mim e o outro nas pessoas com quem conversavam e os meus enchiam-se de lágrimas. Virei-me para Kihyun e topei em seu peito.
- Eu não consigo fazer isso.
Kihyun olhou para mim diretamente nos olhos, mas não era uma luta comigo que ele travava. Parecia que ele tambem estava... triste. É difícil de explicar.
- Sr. Yoo, - comecei, minha voz pela primeira vez vacilando. Kihyun franziu a testa. - Eu não consigo.
Ele me estudou por alguns segundos antes de tomar minha mão em seus dedos gordos e fofos.
- Venha comigo. - fez, me puxando para um canto do salão de eventos.
Eu não conseguia levantar meus pés, eu sentia minha maquiagem se esvaindo como uma cachoeira. Kihyun puxou um lenço do bolso, pediu uma tulipa com água e me entregou. Tomei de uma vez, como havia feito com o champanhe, e tentei respirar, mas tudo ainda parecia muito preso.
Kihyun esticou a mão e passou o lenço delicadamente em meu rosto.
- Você não chamou a sra. Lim para fazer sua maquiagem, não é? Aish, , quando é que você vai me ouvir!?
- Você sabia, não é? - acusei, feroz. Nunca havia sentido meus dentes tão trincados e meu coração, tão fodido. Kihyun continuou a secar a linha de lápis e rímel que descia pelas minhas bochechas com delicadeza, em silêncio. - Você sabia dessa palhaçada toda e me trouxe de propósito para que eu visse!
Ele permaneceu em silêncio. Bati em seu pulso, me sentindo traída. Como ele pudera...?
- Sim, eu sabia. - disse por fim. Voltei me sentir sem ar. Kihyun me empurrou até um pequeno peitoril e eu me encostei ali, sem conseguir acreditar que ele sabia de tudo e não havia me contado. Posso não ser a melhor do mundo mas acreditava que essas coisas eram boas para serem ditas. - No dia que fiz a visita técnica àquele hotel em Busan, estava fiscalizando as notas quando vi Hyuk Jae pela câmera de segurança com uma mulher. Eu não acreditei no que via, então, achei melhor deixar pra lá. Mas então, quando fui a outro hotel, verificar se nossos padrões estavam ok, você lembra... sobre aquela reclamação que tivemos sobre...
- Sim, eu lembro, sobre a maciez do colchão. - concordei com a cabeça. Kihyun sorriu de canto de boca e pegou um negócio redondo no bolso do paletó, que se revelou um pouco de pó compacto. Ele colocou um pouco na esponja e passou em meu rosto.
Kihyun estava refazendo minha maquiagem?
- Vi Hyuk Jae saindo com a mesma mulher. Acho que ele nem mesmo sabia que eu sou o dono de mais da metade da rede de motéis da Coreia do Sul e Japão.
- Quem poderia te culpar? - ri, amarga. Kihyun sorriu, concordando com a cabeça. - Você parece só mais um filhinho de papai com grana o bastante para bater o pé e comprar as ilhas da Polinésia Francesa!
- A propósito, estive pensando em abrimos um resort lá. - ergui as sombrancelhas. Kihyun riu. - Estou brincando. Mas o fato foi que vi os dois saindo. Então resolvi colocar um de meus seguranças particulares de olho nele. Por isso eu sabia quando você ia almoçar com ele. E eu me sentia um pouco incomodado em ver que ele estava dispensando uma pessoa tão bacana quanto você.
- Você tinha o direito de me contar! - esbravejei, alto o bastante para chamar a atenção de algumas pessoas que estavam por perto.
- Eu tentei, eu juro que tentei mas eu não queria ver você como agora. Olha pra cima. - incrivelmente, embora estivesse com raiva de Kihyun, olhei. Ele passou o rímel em meus olhos e lápis na parte de baixo. - Eu sei de muitas coisas, . Coisas de muita gente famosa. Coisas que escancaria o mundo dos famosos e faria muita gente que hoje está no topo ir para o meio da lama. Eu sou desse jeito mas tenho princípios. Eu não sou cretino.
- Você só omite as coisas, achando que assim vai salvar as pessoas! - empurrei Kihyun e marchei com tanta força até Hyuk Jae e Soo Jin que ouvia o salto batendo no piso frio do salão de eventos.

- Boa noite, Sr. Lee. Boa noite, Srta. Kang. Como estão vocês? - falei, tentando dar um tom casual à minha voz, mas sabendo que parecia esganiçada como um pato depenado. - Srs, como estão? - falei aos homens e mulheres no grupo. - , Diretora Financeira da Stuck, como têm passado!? - Soo Jin empalideceu, acho que ela não sabia que eu era tão famosa quanto a Stuck. Hyuk Jae limpou a garganta. - Contem-me, como é mostrar à alta sociedade coreana que vocês dois não passam de-
- Boa noite, senhores! - Kihyun me interrompeu, colocando a mão na minha cintura. - Imagino que já tenham conhecido a minha adorável diretora financeira, . Sou Yoo Kihyun, CEO da Stuck. Embora, devo dizer, - ele deu uma risadinha. - que, além de ser dono de 95% da rede de hotéis de alto luxo da Ásia e que, em breve, expandiremos nossos negócios à outros continentes, também sou detentor das informações mais sórdidas do mundo corporativo e, principalmente, do entretenimento. - segui seu olhar para Hyuk Jae. Este abaixou a cabeça e olhou para o lado. Soo Jin permanecia intacta, como uma figura de cerâmica.

Permiti-me olhar para ela: ela não tinha nada que atraísse um homem.
O que ela tinha de mais? Buceta de chocolate?
Ahá, garanto que não!

Os homens riram, seus bigodes cheios e asquerosos como homens do início do século vinte: nojentos. Peguei uma tulipa de champanhe (era a décima primeira) e tomei aos golinhos. O líquido descia um pouco menos borbulhante; não sabia se isso tinha a ver com a presença de Kihyun ou com o fato de a mão dele AINDA estar na minha cintura, apertando-a bem de leve de encontro a ele. Eu via Hyuk Jae unindo os pauzinhos em sua cabeça, lembrando-se do início da semana, quando pegou Kihyun na minha cama, e a vermelhidão tomou conta de seu rosto.
Mas o traidor ali não era eu.
- Srta. Kang, como vai!? - Kihyun puxou a mão de Soo Jin e encostou os lábios em seus dedos. - A senhorita me parece muito diferente do que as câmeras de segurança mostraram, esta semana. - corei. Hyuk Jae tossiu e os homens ficaram atordoados.
Mas Kihyun sorriu.
- Sr. Lee, como vai? - Kihyun acenou com a cabeça. Hyuk Jae não se mexeu. - O senhor está... precisando rever seu armário. - foi então que reparei que Hyuk Jae estava usando uma camisa social verde fluorescente em um terno cinza lápis. Estava horroroso, ainda mais que seu cabelo estava azul. Era muito forte de se ver. Mas era a última moda.
Ou era eu que estava notando apenas naquele minuto?
- Digamos que ultrapassado. Mas tudo bem, não acha? O cabelo já dá um toque a mais na sua presença. - e piscou.
Kihyun não piscava.
Ergui as sombrancelhas.
- Embora a presença dos senhores e da senhorita esteja sendo maravilhosa, temo que a srta. e eu precisemos dar uma volta. - e piscou para um dos homens, que assentiu. - Sabem se o diretor da All In já chegou?
- Shin Ho Seok? - disse um dos homens, apontando para um homem alto, forte, todo de preto e incrivelmente atraente. Hyuk Jae era atraente, mas Ho Seok... era diferente.
- Com sua licença. - Kihyun tomou meu braço e me puxou, minha cabeça ainda observando Hyuk Jae e Soo Jin e ainda não acreditando no que estava acontecendo. Eu tinha que ter falado, tinha que ter exposto, tinha que ter... - Não, você não tinha.
Virei meu rosto para Kihyun que, pacífico, tocou minha mão de leve e sorriu, ainda olhando para frente.
- Você é dama demais para fazer uma cena, . Embora eu queira te matar 24 horas por dia, ainda prezo pela sua moralidade. Sei que vai ficar bem. Foi melhor assim.

CAPÍTULO 5

Kihyun continuou me puxando no meio da multidão, eu pegando tulipas e mais tulipas de champanhe pra tentar me ajudar a superar tudo aquilo. Por não ter comido, tudo já começava a rodar, então apertei a mão de Kihyun com um pouco mais de força.
- Vai vomitar? - perguntou baixo. Fiz que não com a cabeça. - Fique aqui, eu já volto. - e me deixou perto de uma cristaleira de canto de parede, longe de qualquer esbarrão. Só esperava que ele voltase logo. Minha visão estava ficando turva e eu estava realmente me sentindo enjoada. Acho que ia ter de rever minha vontade de vomitar.
Comecei a inspirar e expirar profundamente quando senti dedos apertando meu braço com força e uma voz familiar em meu ouvido.
- Que showzinho foi aquele, hein? Me expor ao ridículo com aquele.... nanico encarrapitado, que não passa de um babaca?
Hyuk Jae.
Tentei soltar meu braço de seus dedos mas ele os apertou. Estava doendo de verdade e, junto àquela situação toda, as lágrimas voltaram aos meus olhos. Tentei contê-las o máximo que consegui mas era inútil; algumas pulavam.
- É bom que você pare com essa palhaçada ou eu vou...
- Ei, - uma voz que eu não reconheci falou mais acima, baixo, e eu olhei, mas não distingui seu rosto. Seus cabelos negros eram abundantes e seu rosto, muito pálido. - solte o braço da moça.
Hyuk Jae não se mexeu.
- Vamos, Hyuk Jae, - disse, sem honoríficos, o que significava que era sério. - estamos no meio de muita gente importante. Apenas solte o braço da moça e não a perturbe.

Minha visão começou a clarear pelo susto. Hyuk Jae parecia disposto a não me soltar e o homem alto, na verdade, era Ho Seok, segurando o braço que Hyuk Jae me segurava. Ele sorria brando e eu temi. Todos os homens que falam grosso e possuem esse sorriso, geralmente, estão prontos para quebrar o nariz de alguém.
- Vamos fazer assim. - Ho Seok falou ainda mais baixo. - Solte o braço dela e não a incomode. Você tem dois segundos. Se você não fizer isso, eu vou quebrar o seu nariz e seu tão aclamado comeback de semana que vem não contará com você. Vou começar a contar. Eu conto um... - Hyuk Jae ainda mantinha os olhos em Ho Seok. Não ia dar certo. Hyuk Jae era um cara briguento quando queria, só tinha cara de bobo. Ho Seok poderia ser da mesma altura mas era infinitas vezes mais forte e, caso fosse mesmo quebrar o nariz de Hyuk Jae... não ia ser só o nariz que ia sair quebrado.
- Eu conto um e quinze.
- Sério, Hyuk Jae, - pedi - por tudo que voce acredita, me solta e evite isso.
- Eu conto um e meio...
- Hyuk Jae... por favor.
- Eu conto um e quarenta e cinco...
Mexi o braço. Vi Kihyun vindo ao longe com alguns petiscos e, quando viu nós três naquela situação, correu em nossa direção com tanta pressa que só deu tempo de jogar os salgadinhos para o ar e me empurrar para longe quando o punho de Ho Seok chegou ao "Dois".

A cristaleira se despedaçou inteirinha mas eu sabia que Kihyun tinha dinheiro o suficiente pra comprar várias dela, não importasse o valor. Ele só aparentava ser um menininho chato e arrogante mas eu sabia que ele tinha muito dinheiro. Ou acreditava que tinha.
Tirei as mãos dos olhos e pude vê-lo em cima de mim, os olhos apertados. Por que ele tinha me protegido e por que ele tinha me levado até um local que eu sabia que ia me magoar. Talvez Kihyun não fosse bom. Talvez ele também fosse ruim e quisesse meu mal.
Mas por que havia me protegido.
Vi Ho Seok umedecendo os lábios e Hyuk Jae com a mão no nariz. Soo Jin correu até ele e o tirou de lá. Kihyun me ajudou a levantar e olhou para Ho Seok, sem entender, mas já entendendo. Alguma coisa tinha ali que eu não sabia.
- Grande Ho Seok.
- Pequeno Ki Hyun. - eles bateram suas mãos e riram, por cima dos cacos de vidro. Alguns garçons apareceram para limpar os estragos e Kihyun me ajudou a passar por cima da bagunça. As pessoas ao nosso redor ainda estavam um pouco estupefatas com o ocorrido mas tudo já voltava ao normal. - Imagino que conheça , minha Diretora Financeira.
- Não conheço, mas encantado em conhecê-la, jovem. - ele puxou minha mão, da mesma forma que Kihyun havia feito com Soo Jin. Corei. - Shin Ho Seok. Dono da All In Redes de Hoteis.
- Então você é nosso principal concorrente... - balbuciei. Ambos sorriram. - Bom, sr. Shin, agradeço pela defesa.
- Estava observando de longe. Ele não parecia muito amigável. Espero que a moça esteja bem.
- Na verdade, ele é meu...- apertei os lábios e olhei para baixo. Ia ser muito difícil pronunciar aquela palavra.
- Não iremos mais ser concorrentes, ah. - Kihyun chamou um garçom e pediu alguns salgadinhos para mim. - Ho Seok e eu estamos com planos de fundirmos nossas empresas e, assim, controlarmos toda a Ásia.
Sorri, embora meu coração ainda estivesse acelerado. Eu duvidava um pouco de que era por todo o ocorrido. Ho Seok tinha um tipo de presença que misturava um charme natural. Eu me sentia atraída, e não conseguia erguer a cabeça. Kihyun me cutucou algumas vezes, enquanto conversávamos os três sobre planejamento financeiro mas não conseguia. Quando o fazia, ele estava a olhar para mim e minhas bochechas coravam. Algo estava acontecendo comigo, pelo amor de Deus! Não fazia meia hora desde que havia descoberto que meu namorado estava tendo com caso com a maquiadora do grupo dele!
- Tenho certeza de que faremos um bom negócio! - Ho Seok apertou a mão de Kihyun e eles trocaram um breve abraço, incomum demais, e esticou sua mão para mim. Eu tremia; mas, quando ele se abaixou e encostou os lábios em meus dedos, ergueu os olhos e sorriu. - Muito prazer em conhecê-la, srta. . Espero vê-la novamente.
- Você vai vê-la muitas vezes. - Kihyun puxou minha mão de repente e seu tom havia mudado de amigável para áspero. Ele não estava, ah! - ele não estava com ciúmes, estava? - É minha Diretora Financeira.
- Assim espero. - sorriu e eu sorri de volta. Sabia que alguma coisa se passava em meu interior, era muito difícil não responder ao flerte de um homem como Shin Ho Seok. Ele era agradável, doce e muito inteligente para passar batido.

Kihyun pegou meu pulso e me levou, quase que correndo, de volta para os elevadores. Era quase como se a confraternização tivesse acabado mas tinha começado há uma hora e esperava poder conhecer todos os envolvidos na Fragmentos da Vida.
Fiquei irritada. Na realidade, era tanta coisa em mim que eu não sabia qual delas vencia: era mágoa, rancor, tristeza, chifre, ego inflado devagar por um homem atraente e estar me sentindo bonita mesmo que a maquiagem estivesse cagada, o que não acontecia com facilidade.
- Sei que sou apenas seu chefe mas quero te advertir de uma coisa, . - começou, esticando a mão na parede. Espalmei as minhas e olhei em seu rosto. Como eu nunca havia reparado em como ele tinha sardas? - Ho Seok é um homem de várias mulheres. Ele nunca está sozinho. Você acabou de sair de um relacionamento conturbado e ele será nosso parceiro em breve. Os documentos serão assinados na segunda feira e eu adoraria mesmo que você não confundisse as coisas. Caso o faça, - sua voz desceu vários decibéis - isso não era bom sinal;
- Caso o faça, eu não terei outra saída a não ser demitir você. E eu não gostaria disso porque você conhece a Stuck mais do que eu mesmo.
- Mas você é o dono!
- Mas você detém todas as informações cruciais de todos os nossos empreendimentos. - ele deu uma risadinha. - Você não percebeu, ? Você É praticamente dona da Stuck. Você faz todos os pedidos, os levantamentos, tudo. Você apenas não faz vistoria e eu pretendo te treinar em breve pra isso. Eu confio mais em você do que em mim. E perder você agora seria caótico.
Levei um choque. Eu nunca tinha me visto em uma posição tão privilegiada como naquele momento e Kihyun, o meu chefe diabólico, estava praticamente me dizendo que eu gerenciava a Stuck.
Eu. Uma mulher que tinha um cachorro que roía ventiladores ligados e passava o final de semana de pijamas e meias, comendo brigadeiro de panela porque tinha preguiça de cozinhar, com a cara cheia de cremes verdes pra melhorar oleosidade.
- ah... - Kihyun tocou meu rosto e eu enrijeci. - Por favor.
- Sou mesmo assim tão importante? - ergui uma sobrancelha, tentando quebrar o clima. Era muita informação sentimental e eu sentia que ia explodir!

ONDE ESTAVAM OS COPOS DE TEQUILA?
- Então por que você não me dá um aumento? - cruzei os braços.
- E alguma vez você pediu? - Kihyun ergueu uma sobrancelha. - A propósito, - ele voltou a andar para o salão e me entregou um papel, falando alto. - você checou todo o material do armário de brinquedos e demais que chegou ontem?
- Chequei. - li o papel. - São quatrocentas dúzias de rosas, vinte e cinco mil garrafas de champanhe, trezentas de whisky doze anos e robes personalizados aos clientes mais frequentes. - tiquei algumas coisas da lista e imaginei se Hyuk Jae era um cliente frequente.
Meu Deus, todas as vezes que liguei e ele desligava, ou caía na caixa postal, Soo Jin sempre tão solícita e doce comigo, ela sempre com a mão no cós de Hyuk Jae e a desculpa era de largura da calça, como eu nunca havia desconfiado!
Era mesmo uma visão muito engraçada, nós dois andando no meio da alta sociedade, ele de terno e eu com saltos altos e um vestido chique, falando de algemas, pênis de borracha vibradores e cintas liga.
- Ei, moça, - Ho Seok me chamou e eu sorri. Não ter Hyuk Jae e Soo Jin em meu campo de visão havia me transformado.
Ele sorriu.
- Você já usou algum desses?
- Na verdade, já. - confirmei, sorrindo de volta. Ele era altamente atraente e eu adoraria que ele me rasgasse o vestido no meio daquele salão e me possuísse ali. Talvez ainda estivesse meio bêbada.
Mas Kihyun apareceu e segurou minha mão com brandura, entrelaçando nossos dedos. Ho Seok sorriu de um para o outro e meneou a cabeça, rindo.
- ah. Hoje talvez não tenha sido um bom dia. Mas não deixe um dia ruim destruir suas oportunidades de bons dias. - franzi a testa, de que raios ele estava falando?
Ho Seok olhou o relógio. Kihyun ainda mantinha os olhos na ficha em sua mão, mais preocupado com números do que comigo. O dono da All In deu mais um sorriso simpático e se aproximou de meu rosto para me dar um beijo. - São oito horas agora. Você tem mais quatro para fazer valer a pena. - sussurrou em meu ouvido.
Ho Seok então balançou a cabeça, rindo mais uma vez e se despediu de Kihyun com um "Te mando os docs por e-mail" (assim mesmo, docs)!, misturando-se, a seguir, ao monte de gente no salão.
- Fragmentos da Vida. - disse Kihyun de repente, me levando para o mesmo local onde tinha refeito minha maquiagem. - Eu preciso que você faça algo por mim e preciso que faça agora, é realmente importante.
Pisquei, consentindo com a cabeça.
- Quero que você me chupe.
- Oi?? - ergui as sobrancelhas.
Ele havia me pedido que...
Oi??
Kihyun sorriu.
- Sim, quero que me chupe. - olhei para sua calça. - Não, sua tarada, quero que deixe uma marca no meu pescoço! - ele riu e parou do meu lado. - Está vendo aquela mulher de vestido preto, ali, junto do CEO da YGM? - apontou com a cabeça para uma mulher alta e esguia. Bonita até. - Assim como Hyuk Jae, ela também me traiu com uma pessoa de confiança. Quero que ela veja que eu não ligo.
- Se você não ligasse, não me pediria... isso.
- Ah, e daí? Eu sou seu chefe, eu dou as ordens aqui. - ele parou na minha frente. - Aqui, quero que chupe aqui.
- Mas vou te machucar.
- Vai dizer que nunca sentiu vontade de machucar seu chefe a ponto de arrancar sangue dele?
Ponderei. Era verdade.
- Mas isso é tão...
- Prometo te ajudar com uma boa vingança para aquele teu ex. - fiquei em silêncio. - Por favor, ah! Eu te peço, peço até com jeitinho.
Engoli em seco. Era um jeitinho.

E então, com todo ardor da raiva contida, da mágoa presa, da tensão sexual provocada por Ho Seok, eu o fiz.
Cravei meus dentes em Kihyun e chupei-o com tanta intensidade que não ficou nem vermelho; ficou roxo.

Só que algo cresceu em mim. Meu coração começou a bater de um jeito estranho e, de repente, me senti ofegante. Quando Kihyun soltou um "ai" bem baixinho, eu senti prazer em ouvir isso. Meu sangue quase todo desceu para a virilha, mas um pouquinho ficou nos seios e eles meio que... arrebitaram.
Engoli em seco minhas mãos ainda espalmadas no peito de Kihyun e me forcei bem devagar a olhar para ele.
Nossos olhos se encontraram por alguns segundos e eu sentia que ia beijá-lo. Eu sabia da minha vulnerabilidade, eu sabia que tudo estava errado, eu sabia que, há uma hora, eu via meu ex namorado com outra bem debaixo do meu nariz, fora cantada por um homem maravilhoso e poderoso e meu chefe, o homem com quem eu passava seis dos sete dias na semana, o cara que eu conseguia detestar por me fazer de idiota na frente das pessoas - estava ali, me pedindo para chupar seu pescoço. Eu precisava me lembrar...
Estiquei-me um pouco e entreabri seus lábios vermelhos e os beijei devagar, minhas bochechas queimando e meu coração, pegando fogo. Talvez em não tivesse um sentimento por Kihyun, além de patrão-empregada, mas era como uma força invisível me levando a beijá-lo.
Kihyun segurou meus ombros e me empurrou.
- É melhor não. Você passou por muita coisa nos últimos minutos e está vulnerável demais e eu simplesmente não posso.
Mas não me lembrei...
- Você é maravilhosa, , mas acho que...
- Tudo bem. - sorri. - Tudo bem. - soltei o ar contido e sorri. - Escuta, eu vou ter que dormir nesse hotel hoje? Queria ir pra casa.
- Não precisa se não quiser. - ele segurou minha mão de novo e sorriu. - Eu te levo pra casa.

.x.

Entramos no carro de Kihyun e encostei minha cabeça na mão. Era tudo muito complexo e eu não conseguia me entender. O que eu tinha feito, o que iria fazer, como iria fazer. Provavelmente eu faria meu ritual de expulsão de namorados da vida: queimaria todas as suas fotos e coisas que me remetessem a ele.
Nossa, era tanta coisa e o pior, seria doloroso demais me desfazer de tantas memórias. Foram dois meses oficiais para nós mas já tinha de muito tempo. Meu abajur em forma de lua, meu tabuleiro em formato do escudo do meu time de futebol favorito, mesmo que eu não assistisse.
- Você está bem?
- Acho que sim. - suspirei. As lágrimas queriam descer mas eu não queria chorar. Seria ridículo chorar. Era patético chorar. E o pior de tudo é que eu ainda estava me preocupando com Hyuk Jae e seu nariz quebrado na emergência. Tinha de agradecer a Ho Seok mas ainda me preocupava.
- Se você precisar chorar, por favor, não se acanhe. Sabe, não é porque sou seu chefe que deveria se prender. - ele desceu a janela e um portão se abriu, mas nesse ponto, eu não pensava mais em minha casa. Eu só pensava em Hyuk Jae e seu nariz quebrado, em como me sentia chifruda e isso tudo era tão desconfortável que eu comecei a me sentir mais tranquila em ter alguém comigo. Mesmo que fosse Kihyun.
Em situações normais, eu quebraria a casa toda, tomaria todos os remédios para dor física pra aliviar minha dor emocional e provavelmente seria levada por algum vizinho para a emergência, lavagem estomacal.

Minhyuk tinha razão. Nunca deve-se duvidar de um cachorro. Se ele diz 'não', é não.

As lágrimas caíam tanto que eu não conseguia respirar. Kihyun saiu do carro e deu a volta, abrindo a minha porta e quase me fazendo cair, já que estava apoiada. Eu estava um nojo: maquiagem borrada, cabelo borrado, toda ferrada. Eu não tinha pique pra nada. Era como se tudo que eu tivesse vivido até aquele ponto fosse uma mentira, um sonho ruim.
Querendo ou não, eu amava Hyuk Jae, eu via um futuro com ele. Imaginava nossos filhos correndo no parquinho, "Não coma areia, Jonghyun!", "JongKi, não brigue com seu irmãozinho!", "JongMin, não puxe o cabelo da sua irmã!", dos nossos netos... bisnetos talvez. Mas nunca imaginei a gente separado. Nunca imaginei Hyuk Jae capaz de me colocar um par de chifres. Eu nunca imaginava nada daquilo acontecendo, então só chorava.
Kihyun pegou meus braços e enlaçou em seu pescoço, levando-me bem devagar para o elevador. Ele apertou um botão, enquanto eu apenas escondia meu rosto em seu ombro e chorava.
Ele colocou a chave na porta e a abriu. Não senti Minhyuk vindo nos cheirar ou latindo. Mas senti sua presença andando de um lado para o outro quando Kihyun me deitou na cama e tirou meus saltos. Ele também tirou meus brincos devagar, minha gargatilha e deitou-se do meu lado, permitindo que eu o abraçasse e continuasse a chorar copiosamente todos os acontecimentos da minha vida.
Eu me agarrei à sua camisa, melequei com meu catarro e minha cabeça começou a latejar de tanto choro desenfreado. Eu me perguntava por quê, perguntava a ele por quê. E eu esquecia totalmente que ele tinha sido a pessoa que havia aberto meus olhos. Quanto a Hyuk Jae. O quanto eu devia a ele, era mais do que aqueles dois anos de trabalho. Era algo muito eterno.
- Por que? O que eu fiz de errado? - perguntei, pela milésima vez, tentando respirar. Kihyun puxou aquele lenço do bolso e secou meus olhos. Minha maquiagem tinha borrado toda a blusa de seda dele.
- Porque ele não te merecia. Esses caras não te merecem, . Eu também não mereço você. Você é muito mais do que qualquer homem poderia querer ou esperar. Muitos esperam que você fique na frente de um fogão ou cuidando de filhos. Nenhum homem espera uma mulher parceira, uma mulher que ande do seu lado e não nas suas costas.
Olhei para ele e ele voltou a afagar meu rosto e sorriu.
- Ou você é muito burra ou não sacou ainda. Eu gosto de você. Eu quero estar com você.
- Mas você me rejeitou há algum tempo atrás.
- Porque você precisava disso. - ele secou meus olhos novamente e sorriu. - Você precisava colocar pra fora.
- Então, se eu beijar você... você vai dizer sim?
- Não. - ele riu de novo. - Eu espero o tempo que for até você se recuperar. Eu gosto de você. Estou afim de ficar com você. Só Deus sabe o quanto estou tentando me controlar com essa calça. Mas eu espero. Preciso que você deixe seu coração livre pra que eu possa tentar entrar. Se não der certo, não quero que você ache que sou mais um filho da puta, cretino. Hoje, eu sou seu amigo. E como seu amigo, estarei ao seu lado. Como seu chefe... bem, você fez um ótimo trabalho. Todas as pessoas que conversei enquanto você estava pelo salão não paravam de te elogiar, não só quanto à sua beleza, mas em como você é proativa. Meus parabéns.
Ri. Certas coisas não mudavam.
- Obrigada.
Ele beijou o topo de minha cabeça e me abraçou.

- De nada.

.x.x.x

Dois meses depois...

Fragmentos da Vida estava bombando e não era só o público rico que ia no motel. O sucesso era tanto que tivemos de abrir uma outra filial em Seul, porque Busan estava entupido. Ho Seok e Kihyun tinham fundido as empresas. A "All In" e a "Stuck" agora se chamavam "X", e o slogan agora fazia alusão ao ponto G ter se tornado o ponto X. Caixas e mais caixas lotavam minha sala, agora duplicada de tamanho e Kihyun havia parado de ser um chefe casca grossa. Ho Seok de vez em quando sentava na minha mesa e me chamava para tomar soju com ele e eu sempre dava a mesma desculpa: "acabei de sair de um relacionamento ruim e, oras, você viu, estava lá!".

Era véspera de feriado quando Kihyun e eu ficamos até tarde no escritório. A nova Fragmentos da Vida contava com mais quartos temáticos, e o que mais fazia sucesso era um chamado "Noite Tropical". Eu estava exausta, meus olhos ardiam da tela do computador e Kihyun tinha inclusive arranjado um notebook próprio para me fazer companhia na sala.
- Estou moída. - comentei. Era apenas nove da noite mas a gente já tinha trabalhado tanto que valia pelo feriado prolongado inteiro.
- Também estou. - Kihyun coçou os olhos. - Mas olha, não ache que vai se livrar, não. Tá vendo essas caixas? Preciso que você vá comigo até a FdV levar tudo. Tem muita gente que fez reserva pro feriado e isso tudo tem que estar lá hoje.
Entramos em seu carro, com mais de cinquenta caixas amontoadas no banco de trás, enquanto discutíamos mais alguns detalhes de investimentos e locações. Um grupo de rap queria usar um dos quartos da Era Medieval para gravar um videoclipe e, como não envolvia Ho Seok, tínhamos de conversar se levar instrumentos de tortura pra fingir prazer sexual sairia bem para nós.

Atravessamos a cidade até muito rápido antes de o portão da FdV abrir para nos receber. Dividimos o peso com outras pessoas do depósito e sentamos no sofá da recepção. Encostei a cabeça no topo e ela vagou. Havia dois meses que eu não pensava em Hyuk Jae e fazia questão de não ver nada relacionado. Mas sabia que seu aniversário estava chegando. Seus fãs haviam espalhado cartazes por toda Seul para o grande dia, então eu sempre topava com seus olhos rasgados na rua. Me aflingia, mas não sentia tanta dor quanto antes.
- No que pensa?
- Hyuk Jae. - fiz bico. - Mas não em voltar com ele. Ele já deve ter me superado até. Mas em como consegui passar esses dois meses sem sentir aquela saudade que achei que fosse sentir. Eu sinto saudades. Sinto saudades das piadas, das zoeiras, até de como ele enrolava o queijo no frango frito. Sinto falta dos bons momentos, foram poucos mas foram bons.
Kihyun me olhou e me puxou pela mão. - Quero te mostrar uma coisa.
Ele abriu uma porta e subimos um lance de escadas. Kihyun era, depois daquele dia percebi, um cara muito legal. Ele só era arrogante e prepotente demais. Achava que o mundo girava em torno de seu umbigo horroroso e que todo mundo tinha que fazer o que ele queria. Ele era estressado, muito grosso e chato. Mas também sabia ser amigo. De todas as pessoas que eu conheci em Seul, ele foi o único que esteve comigo nos dias que eu não conseguia sair da cama, por tristeza. Ele vinha até meu apartamento e Minhyuk deitava no meu colo, enquanto Kihyun fazia donuts de Nutella e trazia sorvete para comer junto. Contava coisas engraçadas da sua infância e assistia minha série de comédia favorita comigo.
- Já pensou em estudar Direto? - perguntou, quando um dia assistimos um programa sobre o tema. Fiz que não. - Você não tem outras formações. Poderia fazer uma pós, um mestrado, um doutorado... você é muito inteligente.

- Você nunca vistoriou. - disse, pegando um cartão dentro da carteira e abrindo uma porta de número 514. - Então, bem vinda a sua primeira vistoria.
A porta se abriu e eu vi uma antessala, como se fosse um corredor. De um lado, espelhos e, do outro, um frigobar com uma mesinha e um mini bar, com cada uma das bebidas escolhidas por mim em ordem alfabética. Um armário transparente, em mogno, mostrava alguns dos brinquedos que eu havia encomendado - consolos, algemas, algumas fantasias dobradas, bolinhas; e havia outra porta, que Kihyun abriu com um sorriso - o quarto. Era amplo no sentido bom. A cama parecia incrivelmente aconchegante e tinha uma outra porta, imaginei que para o banheiro. Sorri para ele, antes de sentar no colchão. Fiz um 'joinha' com a mão e dei uma cambalhota na cama, de salto e tudo. Continuava perfeita. O jogo de cama era de veludo, era o quarto Red Velvet. Ho Seok tinha dado seu toque especial e colocado orelhinhas de coelho em um canto do quarto, e eu as coloquei antes de abrir a porta do banheiro.
Tudo era de mármore branco; a torneira tinha tons de ouro e o box e a banheira eram grandes o bastante até para uma orgia. Quando me virei para completar outro joinha, Kihyun riu.
- Do seu agrado?
- Olha... - comentei. - Fizemos um bom trabalho com a FdV.
- Não. Você fez um bom trabalho. - Kihyun se aproximou de mim e segurou minha cintura. Espalmei minhas mãos em seu peito e ele sorriu. - O que houve?
- Eu não sei. - admiti, engolindo em seco. Kihyun levantou meu rosto e entreabriu meus lábios e os puxou com os próprios. - Kihyun, eu...

- Eu amo você. Desculpa, eu sei que não devia ter dito isso assim. - Era por isso que você era ruim comigo?
- Não.. era ruim contigo porque você só fazia merda e precisava aprender a fazer certo. E olha que coisa: você aprendeu. - ele me empurrou de leve até a cama e eu caí no veludo cor de vinho. Kihyun se aproximou de mim e inspirou meu pescoço. - Será que eu posso...?
Fiz que sim com a cabeça e Kihyun beijou atrás de minha orelha, levantando o rosto logo em seguida. Com os olhos, concordei e ele engoliu meus lábios com sofreguidão. Minhas pernas agarraram-se em suas costas, minhas unhas arrancaram um grito seu quando arranhei-o nas costas e o virei apenas com as coxas. Kihyun soltou meus cabelos.
- Se eu soubesse que ser ruim ocasionaria isso...
- Você acha que foi ruim? - tirei minha blusa. Kihyun esticou as mãos e segurou meus seios por debaixo do sutiã. Mexi-me em cima de sua ereção e ele gemeu. Abaixei-me e mordi o lóbulo de sua orelha, sussurrando. - Há males que vem para o bem.

FIM

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