<

Meteor Smile

Meteor Smile


Autora:
@heydebee_ | Beta: @heydebee_

<


Às vezes me pergunto por que a vida não pode ser simples. Você sabe, a gente deseja uma coisa e bum, ela aparece ou ela some. Só que, pensando pelo outro lado, ia ser bem estranho você pedir, sei lá, um iate, e ele se materializar na sua frente. Só que eu falo de algo abstrato, de sentimentos. Só Deus sabe o quanto eu já me belisquei, me bati, rasguei script e, por que não - chorei.

Permita-me me apresentar. Meu nome é , tenho 22 anos e sou atriz, morando por tempo indeterminado em Taiwan. Não tenho nenhuma descendência direta para vir para cá; simplesmente ganhei uma bolsa de estudos do meu curso, no Brasil, aos 18 anos e cá estou. Poderia ter ido para Hollywood ou Londres, mas sempre tive um gosto pela Ásia. Entre ir para o Japão e vir para cá, escolhi aqui, já que meu mandarim sempre foi melhor do que meu japonês.
Em outras palavras, sempre gostei muito daqui. O clima, a comida até, e as pessoas, que eu julgava serem preconceituosas, se acostumaram com a "invasão". Consegui vários pequenos papéis em dramas famosos, fui convidada para vários outros. Não vou dizer que não recebi diversos "não" na cara porque aconteceu isso, de fato. Ainda era uma atriz, uma pequena (quase que literalmente) atriz em busca de reconhecimento maior, não queria ser conhecida como "aquela estrangeira". Foi aí que eu cheguei ao meu pequeno drama de consciência atual.

Tinha acabado de receber um tremendo "não" para "Love Buffet" e estava tentando não chorar. Depois que soube do teste, fui com tudo no enredo, nas falas e não tinha conseguido. Tinha achado tão bonito tudo e iria ficar na vontade. Foi quando pensei em desistir de tudo. Você sabe, de ser atriz, de morar em outro país, quero dizer. Ainda estava sob as custas do curso, de certa forma. Tinha aprendido mandarim e era fluente. Mas sentia muita falta da minha família, dos meus amigos, de toda a minha vida no Brasil.
Andava apressadamente pelo corredor quando trombei com alguém, bem mais alto. O impacto foi tanto que eu literalmente perdi o controle das pernas e ia cair para trás quando uma mão enorme me segurou pelas costas.
- Você está bem?
Ergui meus olhos marejados e inchados de tanta saudade e remorso de ter deixado a todos no Brasil, deparando-me com um lindo rapaz. Seus cabelos eram castanhos e tinha uma franja para o lado. O castanho quase claro dos olhos dele fez com que as minhas bochechas queimassem e minha boca, secasse. Engoli em seco quando ele me ergueu.
- Uhn.
Ele sorriu. O sorriso mais adorável e doce que eu já tinha visto em toda a minha vida, e era para mim.
- Desculpe pela -
- Não é sua culpa. - disse de forma doce. - Eu que deveria andar menos apressado nos lugares.
Esbocei um sorriso.
- Meu nome é Aaron. Como disse que se chama?
- Eu não disse. - balbuciei.
- Não? Desculpe. - e riu. Corei.
- Meu nome é .
- Bonito nome para uma estrangeira. - abaixei a cabeça, irritada. Se tinha uma coisa que eu odiava era ser chamada de "estrangeira". Certo que eu era, de certa forma, uma, mas só era conhecida assim. Acho que ninguém me conhecia pelo nome, e sim por "aquela estrangeira". Esse era outro motivo para querer ir embora e nunca mais colocar os pés em Kaohsiung.
Arrumei minha bolsa no ombro e o empurrei de leve quando passei direto.
- Ei, o que houve? - perguntou, indo atrás de mim. - Aconteceu alguma coisa, te fiz alguma coisa?
- Fez! - normalmente eu não diria o que estava sentindo. Mas ele invocava uma aura de pureza, e era impossível mentir para isso. - Eu odeio que me chamem de estrangeira.
- Desculpe! - ele foi mais rápido e parou na minha frente. Tive de erguer muito a cabeça para ver seus olhos amendoados novamente, corando logo em seguida. - Desculpe mesmo, não era a minha intenção.
Podia até não ser, mas eu agora me sentia pior. Iria até o telefone e ligaria para a srta. Cheng, dizendo que queria ir para casa o mais breve possível. Que transferisse minha passagem para aquela sexta feira. Que desistira de vez dos quatro anos de aulas de mandarim e de cinema. E de todo o incentivo que ela me dava. Porque não estava contente, porque era apenas conhecida como "a estrangeira", e porque não estava conseguindo nada.
- O que posso fazer para me redimir?
Procurei uma resposta aos meus pensamentos em seus olhos. Seus doces e amáveis olhos castanhos, que não me deram nada mais que um sentimento de culpa ainda pior.
- Nada. - meu queixo tremeu levemente quando consegui falar, voltando a andar furiosamente para a porta. Eu ouvia os meus saltos batendo no piso com força.
Quando cheguei na porta, uma surpresa me esperava do outro lado. Uma chuva muito, muito forte, que só podia coroar meu péssimo dia. Como iria passar por ela até chegar ao meu carro era uma dúvida, mas nada que uma chuvinha me fizesse de tão mal. Não sou feita de açúcar, então corri até o carro preto estacionado. Enfiei a chave na fechadura e, para minha maravilhosa felicidade, ela quebrara.
Não tive outra saída a não ser correr até o ponto de ônibus, ficando ainda mais encharcada. Meu currículo se acabava dentro da minha bolsa, porque a colocara na cabeça, para me proteger. Como se não fosse ficar pior, assim que avistei meu ônibus e fiz sinal, algum mal amado passou e me molhou com a água que estava em uma poça. Lívida de raiva, o ônibus ainda passou por mim; corri para alcançá-lo mas foi inútil.
Soltei um tremendo palavrão, coisa rara de acontecer. E começei a chorar novamente. Nunca mais me esqueceria daquele dia, daquele treze de Abril fatídico. De quando eu decidira que não iria mais ficar em Taiwan, de receber um "não" grosseiro e de levar tantos banhos no meio da rua.
Um carro parou no ponto de ônibus que eu estava e eu percebi isso porque a água do dilúvio estava caindo de outra forma no chão. Olhei para o carro e a janela escura se abriu, revelando aquele menino do sorriso bonito que esbarrara em mim.
- Entra! - disse, abrindo a porta. - Eu te levo em casa.
Diante da situação atual, era preferível pegar uma carona com alguém que eu nunca vira na vida (ou vira, mas não conhecia muito) a ficar com pneumonia. Então entrei no carro quentinho, recebendo dele uma toalha verde.
- Obrigada. - comentei, secando o rosto e depois, o cabelo. Ele sorriu, olhando para o trânsito.
- Não ia deixar você na chuva. Eu vi você correndo até seu carro e depois vindo para o ponto. Te chamei, você não me ouviu?
- Não. - e era verdade.
- Pois então, te chamei diversas vezes, mas você não veio em minha direção. Consegui chegar até o carro e te procurei nos dois outros pontos. Não sabia pra onde você ia.
- Xinxing - murmurei. secando os olhos novamente.
- Então nós vamos para Xinxing.
- Não precisa sair da sua rota por minha causa...
- Aaron.
- ...Aaron. - soltei uma risadinha comigo mesma, tinha pensado uma pequena besteira.
- Também quero rir.
- Seu nome me lembra do Aaron Carter.
Ele começou a rir.
- O irmão do cara do Backstreet Boys?
- Uhn.
- Eles são legais. Digo, os Backstreet Boys.
- Nunca fui muito fã. - ele sorriu e, então, algo me ocorreu. Ele não me era estranho. - Não conheço você?
- Conhece?
- Não sei. Acho que conheço você de algum lugar.
- Sou do Fahrenheit. Ator. Modelo. Essas coisas.
Então sabia de onde conhecia. Eu tinha uma roomate apaixonada por Fahrenheit, e as músicas eram até legais, mas eu sempre estava correndo de aula em aula, não escutava direito. Falo isso porque ela ligava o rádio justo quando eu queria dormir.
- Tive uma colega que gostava muito de vocês. - ele sorriu ao perguntar "Gostava?". - Falo no passado porque não a vi mais, então não sei como ela... atchim!
Pus a mão no nariz, fechando os olhos. Estava ficando doente, minha primeira vez doente em quatro anos. Certo que, em quatro anos, tive umas dores de cabeça ali, dor nas costas acolá, mas de ficar resfriada, gripada, ou qualquer que fosse a diferença, não tinha. Aaron esticou a mão e tocou minha testa, olhando aos poucos para mim.
- Você está com febre.
- Estou ótima. - rebati. Eu não sou de cair fácil por gripe ou refriado. Melhor dizendo, por doença alguma.
Mas Aaron parecia bem decidido quando me disse que eu não iria para a minha casa, naquela noite. Me assustei, afinal, não tínhamos nada quanto a isso, nós nem nos conhecíamos! Mas quando ele me mandou ficar calada, eu o fiz. Cruzei os braços debaixo da toalha e inflei as bochechas, olhando para o sinal vermelho no meio do pára brisas mexendo e da água escorrendo pelo vidro.
- Quantos anos tem?
- Vinte e dois.
- Quando é seu aniversário?
- Pra que quer saber?
- Responda!
- .
- Está morando aqui há quanto tempo?
- Quatro anos e meio, escuta, você é da CIA, do FBI ou algo do tipo? Por que me faz tantas perguntas?
- Se vou levar você pra minha casa, é o mínimo que eu posso querer saber, não acha? - voltei a posição de antes. Ele sorriu. - Não gosto de ver as pessoas doentes, .
- Eu sei, mas precisava me sequestrar?
- Não estou sequestrando você.
- Claro que está! Você me perguntou se eu queria ir para a sua casa?
- E é preciso perguntar?
- Claro que sim! - rebati. - E se eu não quisesse?
- Então você quer ir para a minha casa? - ele riu. Eu novamente corei.
- Não! - respondi.
- Pois vai. - ele pegou um bolinho de chocolate que tinha em um enrolado no painel e pôs na minha boca, de forma que eu não conseguisse falar mais nada. Fiz barulhos irritados com a boca, mas debaixo da toalha estava tão quentinho que eu não queria me atrever a tirar minhas mãos de lá. - Agora fique quietinha, quanto mais você falar, mais os sinais ficam vermelhos.
E foi o que eu fiz. Fiquei calada o resto do tempo. Até porque mesentia melhor quieta, estava me dando muito sono.

Não sei bem como aconteceu, mas acordei uma hora e meia depois em uma cama. Obviamente levei um susto, não pelo lugar, mas porque não estava com as minhas roupas. Espantada, puxei o cobertor e vi que estava com um short gigante, que definitivamente não era meu, assim como aquela camiseta. Estava pronta para gritar quando a porta se abriu e apareceu o belo Aaron, sorrindo como uma criança.
- Imaginava que já estivesse acordada. Como se sente?
- Bem, quero dizer... - começei a mexer a cabeça, nervosa. Logo parei. Começava a latejar se fizesse isso. - Você me sequestrou.
- Defina sequestro.
- Bom, - começei, gaguejando e cheia de razão. - você não me perguntou se eu queria vir pra cá. - quanto mais eu falava, mais ele continuava a sorrir. - Por que você está sorrindo? Eu estou brigando com você!
- Você fica fofinha quando está irritada.
Certo, não poderia ser um golpe mais baixo. Ele sorria de uma forma tão, mas tão bonita, com aqueles olhos castanhos e puxados e com aquele sorriso convencido nos lábios que eu só poderia... cogitava...
- Quer comer alguma coisa?
- Não, obrigada.
- Tem certeza?
- Uhn. Preciso avisar a srta.Cheng que estou aqui.
- Quem é ela?
- A minha "ex" tutora. - ri. - Quando vim pra Taiwan, ainda era menor de idade, de certa forma, então ela cuidou de mim durante muito tempo. Bom, até hoje, para ser mais exata.
- Ok. - ele pareceu pensativo. - Se eu deixar você falar com ela, você me conta sobre você?
Ri.
- Eu não sou interessante, Aaron. Nem minha vida é.
- Pois não acredito. - e sorriu.
Acho que se ele ganhasse um won todas as vezes que sorrisse, ele seria o cara mais rico do mundo, do universo. Se o sorriso dele matasse, seriam vários cemitérios pela cidade. Se o olhar dele matasse, eu já estava morta.

Foi ali que começou a minha amizade com o Aaron. Aaron Yan. Um lindo e adorável ser humano, um verdadeiro anjo (por assim dizer) na Terra. Contávamos tudo um para o outro, porque o outro guardaria segredo e se contasse, comeria todas as porcarias do mundo.
E é esse o motivo da minha raiva de mim.
Aaron passou no teste para o drama, o "Love Buffet", e, claro, eu não poderia estar mais feliz do que ele. Ele sabe o que faz, e é mesmo um bom ator. Sempre que podia, me levava junto para as gravações, e ficávamos batendo papo nos intervalos. Eu o ajudava com o script. Quer dizer, ele e o Calvin, do Fahrenheit. Éramos grandes amigos também, mas, com Aaron, era uma coisa mais forte... entende? Com o passar do tempo, eu fui começando a sentir ciúmes de quando ele estava perto de alguma garota bonita, inclusive quando sabia que fazia parte da cena. Demorou cerca de uma semana até perceber que estava apaixonada pelo meu amigo.
Aaron provavelmente (Graças a Deus!) não percebeu que eu estava triste com quando ele estava perto de outras garotas. Vinha até mim, apertava meu nariz ou beijava minha bochecha, dizendo para eu melhorar a cara porque entristecia ele. Eu sorria, certo, mas não era aquele sincero de sempre. Eu costumava pensar de nossas férias no parque de diversões, comendo de tudo e vomitando logo depois de ir na roda gigante.
No período de um ano, eu começei a recusar alguns papéis. Eu sabia que estava para ir embora, tinha pedido a srta. Cheng para ir segurando mais um pouco. Mas depois que vi que minha única motivação pra ficar por lá era Aaron, percebi o quão doida estava ficando. Quero dizer, minha felicidade era Aaron e só ele. Tudo que eu fazia pensava nele. Todas as meninas que ficavam perto dele, quando eu estava junto, me faziam prender um 'ai' e todos os dias eu ia dormir com a cintura ou a coxa roxa do beliscão.
E Aaron também sabia que eu estava indo embora. Tanto é que nem me procurou mais. Não me retornava ligação ou atendia. Eu não queria ir embora sem me despedir dele, porque, por causa de Aaron, eu começei a ter amigos. Nunca fui uma pessoa que os tivesse, mas estar perto dele me deixava com um nível de sociabilidade que eu nem sabia que tinha.
- Você precisa falar com ele, . - comentou, passando outra demão de esmalte no meu anelar. Suspirei.
- Ele não me atende.
fez careta. Ela era amiga de faculdade de Calvin, e tínhamos sido apresentadas à pouco tempo. Estava em Kaohsiung de férias, e eu posso te dizer que ela e Calvin formavam um casal bonitinho. tinha a minha idade e estávamos inseparáveis.
- Eu entendo o lado dele, Jie. Vocês passaram o último ano feito unha e carne.. e você bem que poderia ficar mais.
Abri a boca para protestar. Mas protestar sobre o quê, se ela estava certa?
- Além do mais, você deveria se dar essa chance, já que está gostando dele.
- Não vou fazer mais nada, . - respondi, visualizando minha mão roxa e a outra, ainda verde. Suspirei. - Eu precisava voltar pra casa. Não vou viver em Taiwan pra sempre.
- Ok, , - ela suspirou, puxando minha outra mão e quase me arrancando o braço. - você vai embora daqui a quatro horas e não se despediu do seu melhor amigo, que por acaso é o amor da sua vida. - ela olhou nos meus olhos. - Você está feliz com o rumo que isso está levando?
- Não.
- Então por que não muda?
- Aaron não gosta de mim, . - funguei, séria. Era verdade mesmo. - Pelo menos não da mesma forma que eu.
- Você já perguntou?
- simplesmente sei.
rolou os olhos e voltou para as minhas unhas.

E é isso que me impedia de entrar no aeroporto.
- , você não vem? - estava irritada. Ao que eu tinha escutado, enquanto eu dirigia para o aeroporto, ela e Calvin estavam discutindo sobre sobremesas para o aniversário do WuChun, amigo deles. Bolo de chocolate ou fondue. Não sei o que faltava para esses dois se assumirem, eles agiam como namorados, brigavam como namorados, faziam as pazes como namorados... - Então?
Puxei minha enorme mala e entrei para o check in. A fila estava enorme e, apesar de furiosa, o fez, apontando para mim, sentada nos bancos perto dos banheiros. Estava morrendo de fome.
A quem eu queria enganar?, me perguntei quando abri um pacote de bolachas. Aaron pode até ser meu amigo, mas duvidava de que ele aparecesse lá pra me dar um abraço ou um simples tchau. Lágrimas de tristeza passaram pelos meus olhos, junto com os de raiva de mim. Eu podia ter feito as coisas de forma diferente, não podia? Podia.
Peguei o celular e fiquei olhando. Torcendo para que ele ligasse, para que ele dissesse que não queria que eu fosse embora, que dissesse que me amava... era muito. Precisava parar de sonhar.
As horas passavam e, com elas, o meu ânimo. Cheguei ao ponto de ir até o balcão de informações perguntar do meu vôo. Queria estar o mais longe possível de Taiwan. Só para não sofrer mais, para recomeçar minha vida no Brasil e esquecer que, um dia, eu tive um grande amigo, professor e amor chamado Aaron Yan. Ele seria passado.
Nossa ida ao parque de diversões era passado.
Nossas idas ao cinema altas horas da madrugada também.
Nossos campeonatos tolos.
Adeus, Taiwan.
Adeus, memórias.
- Assim que chegar em casa, me ligue. - cortou meus pensamentos ao me abraçar e apertar minha mão. Retribuí, afinal, ela era uma grande amiga e companheira. Estaria sempre no meu coração.
- Ligarei. - sorri forçada, puxando a minha bolsa mais para cima e acenando. - Adeus, .
- Tchau, .
Dei um giro com meus tênis - graças que estava de tênis, tinha usado saltos grande parte da minha grande estadia em Taiwan - e me meti no meio das pessoas que iam pegar o mesmo vôo que eu - parecia que todo mundo tinha combinado na mesma hora. Com a minha passagem na mão, tentei chegar na policial, mas fui rudemente empurrada. Foi quando senti alguém me puxando pelo cotovelo. Não deu muito tempo de tomar conhecimento de quem era, porque a tal pessoa já foi me beijando.
Irritada, tentei umas duas vezes me afastar do tarado, mas foi quando senti... O perfurme. A única pessoa que eu conhecia que usava aquele perfurme era ele. Aaron. O meu Aaron.
Devagar, o empurrei. Aaron olhou para mim sorridente e eu não pude não deixar de fazer o mesmo.
- Achei que fosse tarde demais pra fazer isso.
- Deu tempo. - ergui minha mão e acenei. - Preciso ir. - Aaron segurou meu pulso.
- Não vai. - implorou. - Por favor.
Como dizer 'não' para ele? Tão adorável, simpático, atraente, bonito.
- Eu te dou outra passagem depois, mas não vai embora!
- Mas Aaron...
Como dizer não? Aaron tirou minha bolsa das costas e a jogou no chão.
- Se você for, eu vou junto. - ele se agarrou a mim, esticando a perna como um bicho preguiça.
Suspirei. Era uma chance em um milhão, não é? Fiquei ainda mais sem saber o que fazer quando ele disse que me amava. E não parecia como um "eu te amo" simples, que ele falava nos dramas. Ele falou de coração, e ainda cantarolou "Ti Amo". A vida podia ser dura.
- Se você ficar, juro que te faço a garota mais feliz do mundo.
- Você já me fazia feliz muito antes de fazer o que fez, seu tolinho! - comentei, com lágrimas nos olhos.
Aaron sorriu ao me abraçar forte e ao repetir que me amava. Que, quando viu que me perderia para sempre, percebeu que ele se perderia.
E eu percebi que, se deixasse o meu Lala, como costumava chamá-lo só de brincadeira, eu não seria mais eu.
Peguei minha bolsa do chão e acenei para o rapaz da companhia aérea. Iria fazer uma viagem.
Mas não com destino ao Brasil.

FIM




Dedicado à Bell, que me puxou a orelha quando falei que estava quase caindo de amores pelo Aaron. ^^


Comment Box is loading comments...